Os 94 milhões de habitantes das mais de sete mil ilhas que formam o arquipélago das Filipinas estarão grudados na televisão, neste sábado, para assistir ao seu maior ídolo. O pugilista filipino Manny Pacquiao coloca em disputa o título mundial dos meio-médios (até 66,678 quilos), versão Organização Mundial de Boxe, diante do mexicano Juan Manuel Marquez, no MGM Hotel, em Las Vegas, nos Estados Unidos. O combate está previsto para começar às 20h30 locais, 2h30 do domingo em Brasília e 12h30 no horário de Manila, capital filipina.
Dono de uma cadeira no Congresso de seu país, Pacquiao sonha com a presidência. Para isso, o pugilista sabe que deverá disputar as eleições de 2016, quando estará com 38 anos. A constituição filipina não permite que um candidato tenha mais de 40 anos. Então, ele usa cada luta como um grande cabo eleitoral. E pretende lutar mais meia dúzia de vezes antes de pendurar as luvas.
Mas, ao contrário da maioria dos políticos, Pacquiao não ilude seus eleitores. Boa parte dos US$ 30 milhões que ganhará de bolsa pela luta deste sábado será revertido para benefícios da população pobre de seus país. Em maio, após vencer o norte-americano Shane Mosley, ele injetou US$ 4,5 milhões na construção de um moderno hospital. Desta vez, ele quer investir em fábricas para empregar mais de 100 mil funcionários.
A preocupação de Pacquiao com os compatriotas menos favorecidos aumentou quando ele foi impedido de se tornar sócio do sofisticado clube de polo e golfe de Manila. “Isso foi importante para eu entender por tudo que passa meu povo e por quem somos dominados”, lembrou o filipino, que é considerado o melhor pugilista da atualidade, mas terá um duro desafio neste sábado.
Será a terceira luta entre Pacquiao e Marquez. Na primeira, em 2004, houve empate. Na segunda, quatro anos depois, o filipino venceu em decisão dividida dos jurados. Sempre depois de 12 assaltos. Por isso mesmo, os dois já avisaram que o combate deste sábado será um “acerto de contas”.
Pacquiao promete estar na melhor forma física e técnica de seus 16 anos de boxe. “Sinto-me com 24, 25 anos”, disse o filipino, que se motivou para mais um duelo com Marquez após as declarações do rival de que não perdera os duelos anteriores. “Quero acabar com todas as dúvidas”, avisou o campeão mundial, que tem 32 anos e soma 53 vitórias (38 nocautes), três derrotas e dois empates. Ele ainda contabiliza um total de dez cinturões mundiais em oito categorias.
Aos 38 anos, Marquez garantiu estar pronto para vingar as derrotas de seus compatriotas para o rival filipino, que soma dez vitórias sobre mexicanos, além de um empate e uma derrota. “Não luto só por mim. Esta vitória será de todo o povo mexicano, que vive o boxe diariamente e merece que eu leve este cinturão para casa”, revelou o pugilista, que acumula 53 vitórias (39 nocautes), cinco derrotas e um empate – já foi campeão mundial dos penas e dos leves.
O ginásio do MGM Hotel estará lotado. Os mais de 17 mil ingressos foram vendidos há semanas – o ingresso mais barato custou US$ 200 e o mais caro, US$ 1,2 mil. Nos Estados Unidos, o evento só poderá ser visto pelo sistema pay-per-view e custa US$ 54,99 – mais de 1 milhão de assinaturas devem ser negociadas. Enquanto isso, outros oito hotéis em Las Vegas anunciam a transmissão em cabines para cerca de três mil pessoas – não há mais ingresso. No Brasil, o canal SporTV anuncia a transmissão ao vivo do evento.
A maioria no ginásio deverá ser de mexicanos, que vão apoiar Marquez. Mas a torcida do público dos Estados Unidos será para Pacquiao. Afinal, querem vê-lo fazer o esperado duelo contra o norte-americano Floyd Mayweather no ano que vem. Para isso, no entanto, uma vitória neste sábado será fundamental para o ídolo filipino.