O fim do ingresso mínimo de R$ 15,00 abriu a temporada de caça ao torcedor no Campeonato Brasileiro. Livres para arbitrar valores, a maioria dos clubes, como Coritiba e Paraná, planeja promoções e descontos para evitar o fracasso de público que marcou a última edição do torneio. Só o Atlético rema contra a maré e aposta nos pacotes para toda a temporada.

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O Coritiba saiu na frente e há mais de um mês lançou uma promoção casada para os jogos contra Santos e Palmeiras, nos dois próximos finais de semana. O desconto chegava a 33% nas compra feita no mês de março. "A receptividade do torcedor a esta promoção vai nos orientar para as próximas", disse o secretário da presidência Luiz Henrique Barbosa Jorge, o "Espeto", um dos responsáveis pela política de preços de ingressos no clube.

Segundo o dirigente, o plano do Coxa é baixar o preço-base, de R$ 15,00 na arquibancada, em jogos contra adversários de menor apelo popular – mas tudo depende de fatores como a campanha do clube.

O Paraná segue por caminho semelhante. Contra o Goiás, no sábado, o Tricolor cobrou R$15,00 pela entrada, mas esta é apenas uma base para os jogos "médios". "Os preços vão flutuar de acordo com a importância das partidas", falou o vice-presidente administrativo Aurival Correia.

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Só os bilhetes para assistir ao Atlético têm preço imutável. A política já tradicional do clube é manter os valores fixos para não prejudicar quem se garantiu para toda a temporada. "Se o fizermos, estaremos ferindo o Código do Consumidor", disse o diretor de marketing do clube, Mauro Holzmann.

A flexibilidade no preço das entradas foi decidida pelos próprios clubes, depois que a edição de 2004 apresentou a menor média de público da história do Brasileirão (8.085 pagantes por jogo).

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Só o Atlético mantém política do ?pacote?

Quando o Brasileiro por pontos corridos foi testado pela primeira vez, em 2003, muitos clubes cogitaram criar pacotes para os jogos do torneio – já que o calendário finalmente parecia consolidado. Dois anos e alguma decepção depois, poucos seguem adotando a política que há anos é sucesso na Europa.

O Coritiba foi um dos clubes que em 2004 tentaram vender pacotes para o Brasileiro, mediante pagamento de uma mensalidade. O resultado decepcionante (pouco mais de mil foram vendidos) sepultou a idéia na atual temporada. ?Ainda não temos esta cultura no País. O torcedor leva até fatores como o clima em consideração, e a situação financeira da maioria também não é das melhores?, explica o secretário da presidência Luiz Henrique Barbosa Jorge, lembrando que os custos para veiculação em mídia e a logística para venda dos pacotes acabam minando o retorno.

Já o Paraná, depois de fracassar na venda de seus pacotes em 2003 e 2004, mudou a estratégia. Pensando em resgatar a torcida ausente nos últimos anos, o clube lançou um programa batizado ?Família no Estádio?, no qual mulheres e crianças menores de 12 anos pagam taxa única de R$ 15,00 e entram em todos os jogos com mando do clube no Brasileirão. A pouca divulgação e a má campanha do paranista no Estadual podem explicar o fraco retorno na promoção: 290 cadastros até ontem. ?Já estimávamos que a adesão seria maior após o início do Brasileiro?, tenta justificar o vice-presidente administrativo, Aurival Correia.

Outros clubes brasileiros, como Vitória e Grêmio – ambos atualmente na Série B – testaram e abandonaram a venda de pacotes. Há quem vá experimentar a novidade esta temporada – o Vasco lançou um conjunto de 20 jogos por R$ 200,00.

O único fiel à negociação de ingressos para o ano todo é o Atlético, que desde a inauguração da Arena oferece promoções deste tipo ao torcedor. Mas a média de 3.000 a 3.500 vendas por ano está aquém do objetivo, admite o diretor de marketing do clube, Mauro Holzmann.

Para o dirigente, a cultura nacional de não comprar nada antecipadamente é um dos motivos do fraco retorno dos pacotes no Brasil. O outro seria a falta de conforto na maioria dos estádios. ?Este não é o caso do Atlético. Mas, pela realidade brasileira, nossa média não pode ser considerada um fracasso. Vamos insistir até convencer o torcedor?, afirma.