Mesut Özil é o jogador mais talentoso dos 23 que Joachim Löw trouxe para a Copa do Mundo, aquele que dedica à bola o tratamento mais carinhoso. Não por acaso, os alemães sempre esperam muito dele, mas o meia do Arsenal não tem sido capaz de corresponder às altas expectativas que gera. Desatento, Özil tem errado muitos passes e perdido a bola com facilidade, o que gerou uma enxurrada de críticas em seu país. O jogo contra a França dará a ele uma excelente oportunidade de começar a mudar esse cenário.
O criativo meia, de ascendência turca, nascido em Gelsenkirchen, foi uma das grandes estrelas do mercado europeu de transferências no ano passado, ao trocar o Real Madrid pelo Arsenal por cerca de 50 milhões de euros (R$ 150 milhões). Sua chegada ao clube inglês foi triunfante e ele logo se tornou um dos preferidos da torcida – mas foi se apagando com o passar dos meses e terminou sua primeira temporada na Inglaterra em um tom cinzento. O mesmo, aliás, que exibe no Brasil.
Özil faz força para não bater de frente com Joachim Löw, até porque o técnico é um dos principais responsáveis por seu sucesso como jogador – em 2010, Löw apostou em Özil quando isso não era algo óbvio, e o jogador se tornou um dos destaques da Copa da África do Sul. Mas ele, de forma indireta, atribui a uma decisão do técnico seu mau desempenho no Mundial.
“Todos sabem que minha posição favorita é a de armador pelo meio”, disse o meia de 25 anos. “Agora estou do lado direito, onde já joguei no passado, e não tenho tanta liberdade para me movimentar. Isso não é desculpa para o caso de eu não jogar bem, mas claro que minha posição favorita é outra.”
O comandante da seleção, por sua vez, sabe que Özil não anda muito satisfeito com a função que cumpre na seleção. Mas Löw acredita que é importante que o meia faça esse “sacrifício” e, em retribuição, não cogita tirá-lo da equipe. “Özil pode jogar em diferentes posições”, comentou o técnico, que prefere apostar em Toni Kroos como armador pelo meio. “Sei que ele gosta de fazer o tradicional papel de camisa 10, mas temos um jogador como Kroos, que está indo muito bem, e quero aproveitar o fato de Özil também jogar bem pelos lados.”
Nas oitavas de final da Copa, contra a Argélia, Özil, mais uma vez, não jogou bem, mas ao menos fez um gol, o segundo da vitória por 2 a 1. Seus companheiros, que têm muita fé na capacidade do meia de desequilibrar partidas, esperam que esse gol dê a ele mais ânimo para voltar a jogar o (muito) que sabe. “Já sentia que ele estava solto antes do gol, mas ter marcado dará a ele um impulso. Creio que o melhor de Özil na Copa do Mundo ainda está por vir”, falou o atacante Schürrle, autor do primeiro gol contra a Argélia.