Quanto mais títulos, glórias e marcas Oscar conquista, mais suscetível a se emocionar ele fica. Chorão com lugar garantido em qualquer galeria, à frente alguns corpos até mesmo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, mais novo e forte representante da confraria, Oscar viveu no domingo mais um capítulo dessa longa história de emoções – a conquista do título estadual de basquete.
Rio (AG) – No entanto, não foram as lágrimas habituais. Vieram pintadas em tons mais fortes, naturais para alguém de 44 anos ainda vivendo a glória de uma conquista. Foi ele mesmo que definiu o choro como único entre tantos outros. “Foi “a emoção?. Uma das coisas mais emocionantes de minha vida. Aos 44 anos poder passar por isso não tem preço”, disse Oscar.
O jogador custou a se refazer. Horas depois da partida, banho tomado, fome satisfeita, ainda conservava a emoção de quando voltou para a quadra de jogo, depois de descansar alguns minutos no banco. Faltavam menos de dois minutos para o fim. Oscar já não conseguia conter o choro. Foi ali, em quadra, que iniciou mais um pranto. Com muita razão.
“Só nós acreditávamos no título depois de perder a partida de sexta-feira da maneira que perdemos. Ninguém mais acreditava. Esse é um time de caráter. Time de jogadores como o Ricardinho, que foi crucificado demais pela derrota e teve a dignidade de dar a volta por cima como deu, jogando com coragem e coração. Queria dedicar esse título a ele”, desabafou Oscar, que seguiu nos elogios aos companheiros.
“Gente também como o André Brazolin, que tava jogando de graça, sem receber. Veio para o Flamengo porque queria ser campeão. Estou passando por momentos difíceis, enfrentando problemas de saúde na família, com meu cunhado. Por tudo isso foi uma das maiores emoções de minha vida”, afirmou. Oscar garante que ainda joga o Campeonato Nacional do próximo ano, contrariando o forte rumor de que encerraria a carreira com a conquista do título estadual. “Já tinha falado que ia jogar o campeonato nacional de qualquer forma, ganhando ou perdendo o estadual. Vou jogar”, disse Oscar.
Nenhum membro da diretoria rubro-negra, em grande número no ginásio do Tijuca na sexta-feira, quando o time tinha a vantagem de 2 a 1 na melhor de cinco, compareceu ao jogo em Campos. Após a conquista, os jogadores foram avisados que o helicóptero em que os dirigentes iriam não pôde levantar vôo.
Emoção como a de Oscar, só mesmo a do armador Ricardinho. Na sexta-feira, Ricardinho foi responsabilizado por muitos por ter errado nos últimos segundos do jogo com Campos. Domingo, com uma atuação brilhante e corajosa, foi um dos principais jogadores do Flamengo. Emocionado, Ricardinho foi um dos mais festejados após o jogo. “Foi o jogo da minha vida. Só eu sei o que passei depois de sexta-feira. Não tinha que provar nada para ninguém, só para mim mesmo. E deu tudo certo, o time se superou, correu em quadra, brigou, lutou todo o tempo, fez por merecer a vitória e a conquista do título estadual. Por isso tudo, foi o jogo da minha vida”, disse Ricardinho.