O promotor Paulo Castilho revelou na tarde desta sexta-feira que membros de uma torcida organizada do Corinthians ameaçam impedir a saída da delegação da concentração para o jogo com o Palmeiras, domingo, em represália à adoção da torcida única. “Recebi informações nesse sentido, o que mostra como se comporta”, disse.
O Ministério Público voltou a defender na tarde desta sexta-feira a adoção da torcida única no clássico de domingo entre Palmeiras e Corinthians como uma medida de choque. Os promotores Paulo Castilho, do Juizado Especial Criminal, e Roberto Senise, do Consumidor, reafirmaram ser contra essa política, mas que no momento é necessária.
Castilho criticou os clubes, notadamente o Corinthians, por destinarem, quando visitantes, a carga de ingressos a que tem direito às torcidas organizadas. “Ninguém é a favor da torcida única no futebol. Tem de ter rivalidade, mas rivalidade sadia, que leve à confraternização, não à morte”, disse Senise, em entrevista na sede do MP em São Paulo.
Castilho informou que estava chegando de uma reunião com Marco Polo del Nero, em que sugeriu que fosse feito, pelos clubes, convênio com sindicatos e entidades de classe pelo qual os ingressos fossem a elas destinados para venda ao torcedor comum – e não para os organizados. “Essa seria uma maneira de qualificar o torcedor. Poderia começar com 500 ingressos. O espetáculo futebol não é das torcidas organizadas é da sociedade.”
Ele disse que em 2008, quando assinou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a federação para destinar 5% dos ingressos para a torcida do visitante, não imaginava que a cota seria entregue às organizadas.
O promotor afirmou que foi procurado por telefone por um integrante da Gaviões da Fiel, que disse que sem as organizadas o futebol acaba. “Eu respondi que é a torcida que precisa se reciclar.”