Fórmula do sucesso

Operário mostra que é possível se superar com orçamento baixo

Fantasma se acostumou com comemorações nos últimos anos. Reestruturação passou por problemas, mas vai colhendo os frutos agora. Foto: Albari Rosa

Três acessos, quatro títulos, sendo três estaduais e outro nacional, e uma ascensão meteórica da Série D para a Série B do Campeonato Brasileiro. Tudo isto em apenas quatro anos. A conquista na vaga na Segundona de 2019 foi a cereja do bolo da recente história do Operário, que mostrou que com organização e cuidados é possível superar times com maiores rendas e até tradição.

A vitória por 3×0 sobre o Santa Cruz, no último domingo (26), provou isso. Apesar da desvantagem sofrida no duelo de ida, que acabou com 1×0 para os pernambucanos, o Fantasma conseguiu reagir e ser melhor que o adversário, que dois anos atrás estava na elite do Brasileirão.

No meio do caminho superou também Bragantino (adversário da semifinal), Luverdense, Tupi e Joinville, que até tempos atrás também estavam em divisões superiores. Mesmo com um orçamento baixo.

O teto salarial do clube de Ponta Grossa é de R$ 12 mil – valor que certamente aumentará na Série B -, com gastos mensais totalizando apenas R$ 550 mil, sendo R$ 300 mil voltado para elenco e comissão técnica. A ajuda de empresários locais, cerca de 50 deles contribuem com R$ 2 mil mensais, além de patrocínios, facilita para a conta ficar em dia. Tudo sob o controle de José Álvaro Góes Filho, presidente do grupo gestor do time.

Saber utilizar o dinheiro que tem foi fundamental para essa recuperação do Operário, que superou times com mais grana na base da manutenção do trabalho, que quase foi por água abaixo. Da mesma maneira que veio o crescimento, surgiram os percalços.

José Álvaro Góes Filho é o presidente do conselho gestor do Operário e um dos responsáveis pela virada do clube. Foto: Albari Rosa
José Álvaro Góes Filho é o presidente do conselho gestor do Operário e um dos responsáveis pela virada do clube. Foto: Albari Rosa

A nova história operariana começou a ser construída com o título do Campeonato Paranaense de 2015 em cima do Coritiba, com um triunfo por 3×0 na grande final em pleno Couto Pereira. Parecia ser o paraíso para o clube centenário, que logo em seguida também conheceu o inferno, sendo rebaixado no Paranaense já no ano seguinte.

Tendo que recomeçar tudo, o Fantasma conquistou a Taça FPF naquela mesma temporada, o que lhe garantiu uma vaga na Série D de 2017, algo que foi fundamental para este crescimento. Mas não sem antes sofrer pelo caminho.

No ano passado, o time era o favorito a conquistar o acesso na segunda divisão do Campeonato Paranaense, mas um empate em 1×1 com o União Beltrão frustrou as expectativas. O que amenizou foi a boa campanha na Série D, que culminou com o primeiro título nacional do clube e o acesso à Série C.

Com um calendário mais espaçado em 2018, o Fantasma deu a volta por cima e foi campeão da segunda divisão estadual com sobras, com direito a uma goleada por 7×0 em cima do Cascavel na final. Ao mesmo tempo, na Série C, o time ia abrindo vantagem e conquistou a vaga no mata-mata com antecipação. Porém, caiu de rendimento na reta final e terminou em segundo no Grupo B. Nada que interferisse no trabalho do técnico Gerson Gusmão.

Em quatro anos, Operário conquistou quatro títulos e três acessos. Time está no caminho certo. Foto: Albari Rosa
Em quatro anos, Operário conquistou quatro títulos e três acessos. Time está no caminho certo. Foto: Albari Rosa

O treinador, aliás, foi peça mais que decisiva nessa reestruturação. Auxiliar-técnico do time campeão paranaense em 2015, ele retornou ao clube em março de 2016. Não evitou o rebaixamento no Estadual, mas comandou a equipe neste resgate histórico. Em 83 jogos, foram 56 vitórias, 16 empates e apenas 11 derrotas. Um aproveitamento de 73,9%.

“Era um sonho nosso, dessa direção que trabalhou muito e dessa torcida maravilhosa. Sofremos muito para chegar até aqui, com a possibilidade do acesso. O trabalho não foi fácil, mas teve muita competência de todos. Estamos felizes de fazer parte disso e da continuidade, que com certeza fez toda a diferença”, disse Gusmão, em entrevista à Banda B.

Futuro

Ainda em meio à disputa do título da Série C, o Operário já planeja 2019. Os principais pontos são a manutenção de parte do elenco e da comissão técnica e reformar o estádio Germano Krüger, que precisará ter uma capacidade mínima de dez mil lugares para a disputa da Série B, além de algumas melhorias no gramado e nos vestiários. Atualmente, o estádio comporta pouco mais de 8.800 pessoas.

O custo das obras giram em torno de R$ 600 mil e devem começar assim que o Fantasma encerrar sua participação na Série C. Um planejamento feito com calmo e com pés no chão, para manter este bom trabalho feito até aqui e seguir em evolução.

“Não estamos aqui para brincar. Temos muita coisa para definir, para acertar e traçar os próximos passos”, afirmou Góes Filho.

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