A manutenção da proibição do acesso da torcida visitante aos clássicos do futebol paulista neste ano levou a ONG Minha Sampa a lançar campanha contra a decisão. O movimento, pedindo a volta ao estádio dos torcedores de ambos os times que se enfrentam tem ações pela internet e também em dias de jogos, por meio de faixas de protesto levadas às arenas.

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A ONG argumenta que a medida, além de discricionária, é inócua. Sustenta que desde 1988 apenas nove das 275 mortes registradas como ligadas ao futebol ocorreram dentro de estádios. E que 80% das brigas acontecem do lado de fora, a maioria delas bem longe do local do jogo.

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“A insistência na política de torcida única não passa de atestado de incapacidade do poder público em lidar com os problemas de segurança que envolvem o futebol”, entende Ricardo Borges, ex-diretor executivo do Bom Senso FC e integrante da Minha Sampa. “Surpreende como os clubes e a Federação Paulista aceitam passivamente uma medida autoritária e segregacionista como essa.”

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A federação alega ser contra a torcida única e que já pediu, sem sucesso, ao Ministério Público que a medida fosse revogada. “A FPF prega maior rigor na aplicação da legislação vigente para pôr fim à impunidade que ronda os casos de violência no futebol”, diz a entidade.

A ONG, porém, criou um mecanismo em seu site pelo qual quem é contra a torcida única pode expressar, por e-mail, seu desagrado ao presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos, ao secretário de Segurança Pública estadual, Mágino Alves, e à ouvidoria da FPF. Até a noite de sexta-feira 1.738 mensagens haviam sido enviadas.

CLUBES DO RIO SE UNEM CONTRA MEDIDA – Mesmo com os corriqueiros confrontos ocorridos em dias de clássico, os dirigentes dos grandes clubes do Rio de Janeiro lutam contra a adoção da torcida única. Há, no Estado, uma liminar com essa determinação, mas a medida já foi suspensa em duas ocasiões: no jogos do Flamengo contra Vasco e Fluminense, respectivamente, pela semifinal e decisão da Taça Guanabara.

Nessas duas ocasiões não foram registrados incidentes graves entre torcedores, ao contrário do que ocorreu em fevereiro em jogo entre Botafogo e Flamengo, quando um botafoguense foi morto com o uso de um espeto de churrasco.

Em Minas Gerais, Cruzeiro e Atlético fizeram alguns clássicos com torcida única, principalmente na época em que o Mineirão estava em obras para a Copa do Mundo. As brigas entre torcedores diminuíram nesse período.

Mas este ano, num clássico pela Copa da Primeira Liga, o Mineirão foi dividido – 39.811 torcedores de ambas as equipes foram ao estádio e não houve confrontos muito violentos.