Dentre as inúmeras cenas que emocionaram o público que assistiu à cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos do Rio-2016, uma das mais emblemáticas foi aquela em que a atleta norte-americana Amy Purdy dançou com um robô industrial no centro do estádio do Maracanã. Biamputada, Amy chegou a trocar as próteses durante a coreografia.

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A intenção da performance era mostrar a relação das pessoas com deficiência e a tecnologia. Além do dia a dia, próteses, órteses e cadeiras de rodas são fundamentais em muitas das provas que estão sendo disputadas no Rio-2016. Tanto que há uma oficina na Vila Paralímpica especialmente dedicada a ajustes nos equipamentos.

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Chamada de Centro de Reparos, a oficina foi instalada ao fundo do restaurante dos atletas e recebe intenso movimento desde que foi aberta, no início do mês. Nos primeiros cinco dias, foram mais de 600 trabalhos realizados. A expectativa é de que cheguem a 3 mil atendimentos até o próximo domingo, quando terminará a Paralimpíada.

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“A semana anterior aos Jogos é a parte mais intensa, mas durante a competição tem muita coisa que pode acontecer. Há muitos esportes de impacto e isso faz com que surja muito trabalho”, contou Thomas Pfleghar, diretor técnico da oficina.

Além do Centro de Reparos, minioficinas foram instaladas nas arenas onde a utilização de próteses e equipamentos fazem parte da disputa. Os dois principais exemplos são o rúgbi e o basquete em cadeira de rodas, provas em que os atletas se chocam muito durante as disputas.

DE GRAÇA – Os competidores não têm nenhum custo – tudo é bancado pela Ottobock, empresa alemã parceira do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), que atua nos Jogos desde a edição em Seul, na Coreia do Sul, em 1988. Os técnicos que trabalham na oficina não fazem distinção de marca ou modelo dos equipamentos. “A gente repara próteses, órteses, cadeira de rodas, enfim, todo o equipamento que o atleta precisa para fazer as competições”, disse Thomas.

Ao todo, mais de 100 pessoas trabalham no Centro de Reparos, 86 delas como técnicos que se ocupam diretamente dos ajustes dos equipamentos. Eles se dividem em dois turnos, com os trabalhos começando às 7h30 e encerrando às 23 horas. O tipo de serviço varia muito, mas um equipamento é o mais comum: a cadeira de rodas. “É o mais volumoso em número de trabalho e há de tudo: pode ser apenas uma troca de pneu ou até mesmo ter que soldar toda a cadeira”, disse Thomas. Durante a visita do jornal O Estado de S.Paulo ao local, havia pelo menos 10 cadeiras de rodas na fila para ajustes.

A grande quantidade é algo comum, garante o diretor. “A preparação para os Jogos é um momento em que todo mundo precisa se adequar. Os juízes avaliam as cadeiras para ver se não estão um pouco fora do padrão e pode acontecer de terem que vir para cá para arrumarmos o equipamento”.

Apesar da previsão de serem realizados até 3 mil serviços até o fim dos Jogos, os reparos costumam ser rápidos. A maioria é realizada em poucas horas. Alguns atletas chegam a aguardar a execução do serviço. “Todos eles são muito pacientes e sabem que todos aqui estão trabalhando forte”, afirmou Thomas. “Às vezes eles ficam esperando duas, três horas, e mesmo assim saem felizes. Isso é muito legal e gratificante”.