Ódio racial preocupa polícia no leste da Alemanha

São Paulo – Não é só com o terrorismo que as autoridades alemãs estão em alerta. A polícia também está preparada para coibir possíveis atitudes racistas, xenófobas e neonazistas.

O crescimento da violência ultradireitista, refletido no último balanço dos serviços secretos alemães, aumentou o debate sobre as chamadas ?No-Go-Zones? (algo como ?Não ande por lá?, em português), especialmente no leste do país, lugares perigosos para estrangeiros que vão para o mundial.

O jornal berlinense Der Tagesspiegel publicou semana passada advertências de embaixadores africanos aos torcedores sobre a periculosidade de alguns bairros e recomendam que seja evitada qualquer visita, especialmente à noite.

Leipzig, a única cidade-sede da Copa que fica no que era a antiga Alemanha Oriental, é onde a situação pode ser pior – já há até manifestação de neonazistas marcada para o jogo entre Irã e Angola, dia 21.

O sentimento de xenofobia na região de Brandenburgo é grande em virtude de a região ser aquela com maiores índices de desemprego, o que tira a perspectiva dos jovens e aguça o ódio racial. Para muitos jovens operários e filhos de operários, o futebol é o único canal para se expressarem.

Segundo o estudo dos serviços secretos, há 5% de neonazistas entre os hooligans alemães – cerca de 10 mil pessoas. Porém, estes números são relativos, já que de acordo com o ministro do Interior, Wolfgang Schaueble, há grandes semelhanças entre as ações dos hooligans sem ideologia e a extrema direita.

Até jogadores que defendem a seleção alemã sofrem racismo.

O atacante Gerald Asamoah, que nasceu em Gana, mas se naturalizou para ser o primeiro negro a defender o time alemão, já sofreu várias vezes com a ira de torcedores racistas.

?Infelizmente, há pessoas que me ofendem só por causa da cor da minha pele. A minha pior experiência foi no estádio de Cottbus, onde fui alvo de arremesso de bananas?, disse Asamoah.

Grupo D é o de maior risco

São Paulo – Para as autoridades alemãs, o ?Grupo da Morte? é o D – com México, Irã, Portugal e Angola. Tem confusão até com data e hora para ocorrer: 21 de julho, 11h (de Brasília), em Leipzig, no jogo entre Irã e Angola. Integrantes de grupos neonazistas farão de tudo para apoiar o time iraniano.

A ?torcida? se deve ao fato de o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, dizer que ?o holocausto nunca existiu? e defender o desaparecimento do estado de Israel.

O Partido Nacional Democrático (NPD) alemão, organização de extrema direita , até já emitiu comunicados oficiais de ?simpatia ao Irã?.

O jogo entre Portugal e Angola, dia 11 de junho, em Colônia, também preocupa. O país africano foi colônia portuguesa até 1975 e há entre jogadores angolanos um sentimento muito forte de rancor, que a polícia teme que seja transmitido aos torcedores. No último duelo entre as duas seleções, em 2001, a partida teve de ser encerrada aos 25 da etapa final depois de cinco angolanos serem expulsos por jogadas violentas. Portugal venceu por 5 a 1.

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