Seis finais consecutivas no Campeonato Paulista e a possibilidade de conquistar o título estadual pela quarta vez em cinco anos. O Santos chegou à primeira decisão sem Neymar de 2009 para cá, mas mantém a tradição de revelar jovens jogadores, como Geuvânio e Gabriel, destaques da campanha.
Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta terça-feira, o presidente do Santos, Odílio Rodrigues, exaltou o trabalho feito pela base do clube e citou o Barcelona como um exemplo histórico a ser seguido pela sua vocação de formar jogadores.
“O Santos é um clube revelador por excelência. E essa tendência faz com que o clube seja muito procurado por jovens. Eles sabem que o Santos tem facilidade para lançar um jovem no time principal. Desde 2010 a gente percebeu que era preciso fortalecer essa marca e buscamos uma profissionalização na base. Criamos uma gerência de observadores de jovens valores, para que base e profissional trabalhem junto. A exemplo do Barcelona, que sempre foi uma escola em termos de base, estabelecemos uma filosofia de jogo que começa na captação. E vai até o profissional. Fazemos uma reposição permanente. Estamos reforçando uma característica e qualificando ainda mais”, ressaltou o dirigente.
Odílio também explicou que a política financeira adotada em relação aos jovens também é importante neste processo dentro da Vila Belmiro. “A meta é do Santos ter 60%, 70% dos direitos econômicos. Não é 100% porque muitos jogadores chegam na base com agente ou o pai com um percentual. É a realidade. Da geração atual, estabelecemos uma política de remuneração. A maioria tem contrato até 2017”, destacou, antes de traçar um panorama da situação contratual atual das jovens promessas que hoje integram a equipe profissional.
“O Gabriel temos 60% dos direitos. O contrato do Geuvânio foi renovado nessa mesma condição. O Stéfano Yuri também renovou, mas ainda estamos discutindo com um parceiro o percentual dos direitos. Há três jogadores que não temos uma condição clara ainda. O Neilton, que abrimos mão, pois ele não aceitou a política salarial que todos aceitaram. Já o Victor Andrade e o Emerson têm a possibilidade de assinar um pré-contrato a partir deste mês. Temos interesse em renovar e em manter os 60%, 70% do passe. Estamos em negociação”, revelou.
NEYMAR – Já ao falar sobre Neymar, que trocou o Santos pelo Barcelona em uma polêmica transação, Odílio evitou criticar o clube espanhol ou o astro, embora admita que o clube lutará para tentar receber o que acredita ainda ter direito pela transferência, depois da revelação dos divergentes valores da transação, determinante para a renúncia de Sandro Rosell à presidência do Barça.
Em janeiro passado, o atacante entrou em rota de colisão com Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, antecessor do atual presidente santista, depois que seu pai exibiu um documento assinado pelo dirigente em 8 de novembro de 2011, segundo o qual ele autorizava o atleta a concretizar sua transferência “para clubes nacionais ou estrangeiros”. Até antes do documento vir a público por meio do pai do atleta, Luis Alvaro sempre negou a existência do mesmo.
“A postura é a mesma: preservar o ídolo. Temos de ter um respeito muito grande pelo Neymar, pelo o que ele representou e pelo que ele ainda representa. Ninguém mais vai desvincular, como é com o Pelé, o Robinho. Os dirigentes do Santos têm a responsabilidade, diante da situação e dos novos rumos, de saber se o clube tem mais alguma coisa a receber nessa transferência. Se tiver, o Santos, com muita serenidade, vai solicitar aquilo que tem direito. E se não tiver, vamos dar o caso por encerrado e continuar torcendo pelo Neymar”, assegurou.