Para subir da Série B e entrar na briga pelo título da Série A neste ano, o Internacional não fez nenhuma revolução. O clube gaúcho se tornou o azarão intrometido na lista dos candidatos à conquista do Nacional ao apostar em um técnico cria da casa. Odair Hellmann, 42 anos, fez o time renascer pelo trabalho e pela identificação com o elenco, que o chama carinhosamente de “Papito”.

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O ex-volante vê a ligação com o clube como um dos principais fatores para o sucesso. Hellmann foi campeão pelo Inter da Copa São Paulo em 1998, e trilhou carreira nas categorias de base do clube e como auxiliar da seleção olímpica antes de ser efetivado, em novembro do ano passado.

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“Tenho uma relação longa com o Internacional, desde a época de atleta. Minha história de vida está ligada ao clube. Passei pelas comissões de base também e desde 2013 estou no profissional. Isso ajuda no sentido de você conhecer os processos internos, o funcionamento do clube, as dinâmicas de trabalho”, disse ao Estado.

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A longa convivência dentro do Beira-Rio lhe possibilitou conhecer de perto vários dos atuais jogadores. Alguns admiram a carreira dele. “Estamos acostumados a pegar um treinador ‘cascudo’. No caso do Odair, ele veio por baixo, da base, de outros cargos da comissão. Então, nos identificamos com ele”, comentou o volante Edenilson.

Hellmann diz ter vivenciado o momento mais triste de sua vida quando encerrou a carreira de atleta. Em 2009, aos 32 anos, decidiu parar após ter sobrevivido ao trágico acidente de ônibus do Brasil de Pelotas. Três companheiros morreram. Na ocasião, o volante sofreu uma grave lesão nas costas.

O trabalho no futebol continuou, mas em outras funções. O auxiliar que virou interino e depois se tornou efetivo no Inter sonha em repetir a trajetória de Fábio Carille. O ex-corintiano passou por essas mesmas funções antes de, no ano passado, ganhar o título brasileiro.

“Sem dúvida, Carille fez um trabalho de referência, com um desempenho histórico. Conseguiu afirmar seus conceitos sobre uma base qualificada de grupo que já existia. Mas as comparações, acredito que devem ser feitas pelos analistas e especialistas”, ressalta Hellmann.

Quem trabalha próximo ao técnico diz que ele se formou na carreira ao observar antigos colegas. “Ele construiu um modelo próprio de trabalho com base no que teve de melhor com Dorival Jr., Aguirre, Falcão e Argel. O Odair pinçou um pouco de cada um deles. Apesar de o time não ter ido bem no primeiro semestre, a sua manutenção foi um acerto”, diz o diretor executivo, Rodrigo Caetano.

A boa campanha do Inter no Brasileiro (vice-líder, com 41 pontos) não deixou o treinador acomodado. Hellmann garante ser exigente. “Se trabalhamos bastante hoje, amanhã vamos trabalhar mais. A evolução precisa ser constante.”