A reformulação do Paraná Clube começará pelo comando do futebol. Ocimar Batista Bolicenho confirmou, ao término da partida em Florianópolis, que está entregando o cargo de superintendente. Foram exatos três anos à frente do clube, com alegrias, dificuldades e um inegável desgaste emocional.
Este foi o fator preponderante na decisão de Bolicenho, que vinha sendo amadurecida durante os últimos quarenta dias. “Saio com a certeza de ter feito um bom trabalho e deixando o Paraná na primeira divisão”. Bolicenho cumprirá contrato até o fim deste mês, quando serão definidas as situações dos jogadores que vieram ao clube por empréstimo.
Ex-presidente do Tricolor – no biênio 1994/95 -, Ocimar Bolicenho assumiu a superintendência de futebol em 1.º de dezembro de 1999. O clube havia recém caído para a segunda divisão e, mesmo com a “virada de mesa”, ficou relegado ao Módulo Amarelo da Copa João Havelange. Um ano depois, o Paraná comemorava o seu segundo título nacional ao derrotar o São Caetano na final do Módulo Amarelo. Este foi, na avaliação de Bolicenho, o melhor momento do clube sob a sua direção. No mesmo ano, o Paraná fora eliminado na semifinal do campeonato paranaense pelo Atlético. O título, porém, não representou facilidades financeiras.
No ano seguinte, decidiu o título estadual, mas novamente foi derrotado pelo Rubro-Negro ?fato que se repetiu este ano. Em 2001, também, teve uma passagem tranqüila pela Série A do campeonato brasileiro.
Formado em administração esportiva pela Universidade do Esporte, Ocimar não se imagina trabalhando por outro clube do futebol paranaense. “Creio que devo buscar um novo centro, ou até mesmo redirecionar minha carreira”, disse. Ocimar procurou não aprofundar-se sobre o futuro do Paraná.
“É uma questão a ser comentada pelo presidente e pelo meu sucessor”, avisou. Limitou-se a dizer que é fundamental que o clube tenha uma previsão orçamentária o mais rapidamente possível. “Não podemos correr o risco deste ano, onde só soubemos de nossas cotas após termos um grupo já montado”, explicou. Esta foi a grande decepção que Ocimar teve nestes três anos. “A discriminação na divisão das cotas é cruel”. O superintendente sabe que o Paraná passará por um processo de reformulação e adequação financeira. Afinal, o presidente Enio Ribeiro tem repetido seguidamente que para comandar um time de primeira divisão com R$ 180 mil/mês de cota da tevê é preciso ser mágico e não administrador.