Logo ali em Joinville, no estado vizinho de Santa Catarina, Wanderlei Luxemburgo deu o pontapé inicial no seu projeto de aposentadoria como treinador. Sua empresa, a WL Sports, assumiu o controle total do departamento de futebol profissional do Joinville Esporte Clube – JEC, tradicional equipe catarinense. A parceria é o projeto-piloto de Luxemburgo para quando deixar a carreira de técnico, mas sem se afastar do futebol.
Porém para comandar a estrutura criada no JEC, Luxemburgo convidou o curitibano Ocimar Bolicenho, 49 anos, que assumiu a superintendência de futebol. Bolicenho tem em seu currículo mais de 20 anos prestados ao futebol, sendo inclusive presidente do Paraná Clube, conquistando o bicampeonato estadual de 1994/95. Formado em administração de empresas com pós-graduação em administração esportiva, o dirigente paranaense disse que está contente pelo convite de Luxemburgo, e que ?é uma experiência nova pela qual está passando?. Atualmente, ele acompanha a pré-temporada do Joinville que iniciou os trabalhos no final de dezembro.
Conforme Bolicenho, o trabalho da WL Sports é prestar consultoria à equipe do Joinville e ter total autonomia no departamento de futebol. Assim, a empresa ficou responsável pela escolha de toda a comissão técnica, que envolve superintendente de futebol, treinador, auxiliar técnico, preparador físico, treinador de goleiros e fisioterapeuta. Também cabe à empresa a contratação de jogadores e montagem do time. O técnico contratado foi Waldemar Lemos, escolhido pelo próprio Luxemburgo. O treinador do Joinville é irmão do também técnico Oswaldo Oliveira, que na última terça-feira sagrou-se campeão da Copa do Imperador dirigindo o Kashima Antlers, do Japão.
A parceria foi aprovada pelo Conselho Deliberativo do JEC e tem prazo de dois anos. Nesse período os objetivos já estão pré-estabelecidos. Num primeiro momento a intenção é fazer um bom campeonato catarinense para obter vaga à Serie C do Brasileirão. Na continuidade do trabalho, buscar a ascensão para a Série B. A WL Sport não tem gestão sobre a categoria de base do Joinville.
?De olho no Atlético?
Fabrizio Motta/RBS |
Cartola com novos objetivos. |
As constantes cordialidades vistas em 2007 entre o Joinville e Atlético deram ao torcedor a impressão de uma parceria entre os clubes, o que foi negado por Bolicenho. ?Há apenas um bom relacionamento entre os clubes. Devido a qualidade de gestão existente no Atlético, o Joinville tem o clube paranaense como exemplo?, explicou. Na última temporada, as agremiações realizaram vários amistosos e coube ao Furacão fazer o jogo inaugural da 2.ª fase das obras da Arena de Joinville.
Esse sistema administrativo implantado pelo clube catarinense é apontado como uma alternativa para times que têm dificuldades para gerir o departamento de futebol e montar equipes competitivas. Indagado se o tipo de parceria seria a saída para o seu ex-clube, Bolicenho limitou-se a dizer que esse projeto ajudaria na reestruturação do Paraná Clube. ?A diferença existente entre a gestão dos dois clubes é que em Joinville existem pessoas que querem realmente fazer esse tipo de trabalho?. Para ele, a crise no Paraná Clube teve seu início com a alteração do estatuto de 2003, o que gerou uma mudança radical na forma de administrar o clube.
Sobre a falta de representatividade da Federação Paranaense de Futebol – FPF – no cenário nacional, o superintendente lamentou a situação e disse que isso é prejudicial a todo o Estado. E obviamente ao crescimento do futebol paranaense. Para Bolicenho, Curitiba corre o risco de não sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, pois acredita ser difícil que as forças envolvidas nesse contexto consigam se unir e partir para um entendimento.