Obra fundamental para o Rio-2016, Linha 4 do metrô precisa de mais R$ 500 milhões

Considerada fundamental para o funcionamento do esquema de transporte para o Parque Olímpico da Barra (zona oeste carioca), a conclusão do primeiro trecho da Linha 4 do metrô do Rio está ameaçada. Apesar de o governo do Estado assegurar que a obra está dentro do prazo, a urgência em levantar R$ 500 milhões coloca em risco a inauguração do trecho até agosto, mês dos Jogos do Rio-2016.

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), atualmente em licença médica, insiste desde o ano passado na necessidade de novos empréstimos para a conclusão da linha. O custo total está estimado em R$ 9,77 bilhões, dos quais R$ 6,6 bilhões já foram financiados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Estado quer financiar mais R$ 989 milhões. Metade desse montante é necessário para que a obra não pare a pouco mais de quatro meses da Olimpíada.

Em fevereiro, o jornal O Globo publicou e-mail do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), em que ele demonstrava sua preocupação com o andamento das obras do metrô. Na correspondência encaminhada ao Comitê Olímpico Internacional (COI), Paes sugeria que fosse analisado um plano alternativo de transporte. A sugestão da Prefeitura do Rio era a criação de um sistema provisório de BRTs (ônibus articulados) ligando a zona sul à Barra da Tijuca. Essa alternativa valeria apenas para torcedores, voluntários e jornalistas credenciados. Moradores da região não poderão valer-se dela.

A revelação do e-mail gerou mal-estar. Os organizadores dos Jogos se apressaram em negar qualquer atraso. À época, Paes disse ao jornal O Estado de S. Paulo que “o Pezão está muito confiante na obra (da Linha 4), mas não custa ter atenção”.

A confiança do governo estadual, porém, passa pela liberação de novos empréstimos. Dos quase R$ 1 bilhão solicitados, R$ 489 milhões são fundamentais para a finalização do chamado “trecho olímpico” – que liga o bairro de Ipanema à Barra da Tijuca, com as estações Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental, São Conrado e Jardim Oceânico.

Os outros R$ 500 milhões serão usados para a segunda fase de implantação da Linha 4, que será concluída apenas depois da Olimpíada. O projeto original, que incluía todos os 16 quilômetros da linha, teve que ser desmembrado por causa de atrasos na execução da obra.

O problema é que o novo empréstimo não tem data para ser analisado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que precisa aprovar o empréstimo pedido pelo Executivo. O projeto irá à apreciação do plenário da casa ainda esta semana, mas é certo que receberá emendas e pedido de vistas. Por isso, a Alerj não fez uma previsão de quando o tema irá à votação.

Segundo a Secretaria de Estado de Transporte, a obra da Linha 4 do metrô “atingiu 90% de conclusão e segue dentro do cronograma”, com previsão de entrega para julho. “Falta escavar apenas 90 metros de túneis para finalizar o eixo Barra-Ipanema”, informou a pasta na tarde desta segunda-feira.

A secretaria não quis comentar a possibilidade de a Linha 4 não ficar pronta a tempo da Olimpíada, insistindo que “as obras seguem dentro do cronograma”. Durante os Jogos Olímpicos, segundo o plano de mobilidade urbana traçado, o transporte público será o único meio de chegar às instalações esportivas, já que a circulação de carros será restrita nessas áreas. Quando estiver concluída, a Linha 4 do metrô deverá transportar até 300 mil passageiros por dia, o que, segundo estimativas do governo, será capaz de retirar até dois mil carros das ruas nos horários de pico.

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