Opinião

OPINIÃO: Que futebol queremos para nossas crianças?

Foto: Reprodução/GloboEsporte.com

A imagem tomou conta do País desde a tarde do domingo (17). Se você não viu, certamente ficou sabendo. Foi no clássico Atlético-MG 3×2 América-MG, no Mineirão. Tem a ver com o jovem Alerrandro, herói da vitória do Galo. E de como andamos lidando com o futebol e com a vida.

Antes de seguir, eis as imagens, que são do GloboEsporte.com:

Viu?

E foi logo com Alerrandro, que disse, ao sair do gramado, que comemorou o gol como Luan fizera em 2014, quando o meia já defendia o Atlético-MG e o atacante era uma criança, como esta que chorou por ter a camisa arrancada por um bando de idiotas.

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Cenas como essa podem ser raras, mas situações de intolerância, nos mais amplos sentidos, são vistas toda hora nos estádios. Desde os ridículos gritos de “bicha” para os goleiros até o assédio a torcedoras. E as crianças sofrem mais.

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Neste mesmo final de semana, no clássico São Paulo 0x1 Palmeiras, no Pacaembu, um senhor quis brigar com uma criança porque ela teria comemorado o gol palmeirense. Vamos pro vídeo, publicado pelo jornalista Allan Simon:

Dois atos de tantos, com a diferença de terem sido filmados. Ameaças, ataques, agressões – a gente sabe que tudo isso acontece nos estádios. E quantos “homens de bem” proferem as maiores barbaridades só porque estão torcendo por um time?

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Os mesmos que bradam pelo fim da corrupção – de um lado ou de outro – são aqueles que dizem que “o futebol é um mundo à parte”, em que poderiam conviver homofobia, racismo, misoginia e ataques a menores e idosos porque é “apenas um jogo”. Não.

Tá na hora de refletirmos de verdade sobre o futebol que queremos pro futuro. E não falo do que acontece em campo, mas sim do que vamos apresentar para os nossos filhos e netos. É isso que queremos? É isso que pretendemos ensinar para as crianças? Que eles podem ser preconceituosos, ou que eles precisam aceitar o preconceito “só porque é um jogo”? Que aceitamos agressões (das verbais às físicas) só porque “são do nosso lado”? Que não aceitamos o outro lado? Que não somos tolerantes?

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Às vezes tenho receio de acreditar que a maioria pensa assim mesmo. Se não for a maioria, pelo menos são aqueles que falam – e que adoram usar as redes sociais para destilar ódio. E que, querendo ou não, estão ganhando nessa disputa, pois cada vez somos menos tolerantes.

Quando Pelé disse “pensem nas criancinhas”, há 50 anos, todo mundo achou populismo. Esse tempo todo passou e continuamos a não pensar nelas.

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