O nome do mundial de atletismo

Helsinque, Finlândia – A russa Yelena Isinbayeva tem tudo para voltar a quebrar o recorde mundial do salto com vara neste Mundial de Atletismo de Helsinque, Fin-lândia, saltando acima de 5 m e levando o bônus de US$ 100 mil, que a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) pagará aos recordistas. Em sua carreira ainda poderá ir bem longe, fazendo entre 5,10 m e 5,15 m.

O técnico brasileiro Elson Miranda observa que Isinbayeva tem uma condição física excepcional. ?Nasceu para saltar.? E maestria nos movimentos. Neste mundial de Isinbayeva o Brasil também terá uma representante pela primeira vez, Fabiana Murer. ?Sem o Asafa Powell, nos 100 m, a prova mais badalada do mundial, acho que Isinbayeva ganhou a cena?, aposta Elson.

O salto com vara feminino está incluído no programa do mundial há três edições (Sevilha/99, Edmonton/2001 e Paris/2003).

?A performance dela é maravilhosa?, diz o próprio Vitali Petrov, que foi técnico de Serguei Bubka. Os treinadores da prova acreditam que as mulheres chegarão a um metro dos homens. O recorde de Bubka é 6,14 m.

Assim, Isinbayeva deve saltar entre 5,10 m e 5,15 m em provas ao ar livre?, explica Elson Miranda, que hoje dirige Fabiana Murer nas eliminatórias do salto com vara, a partir das 7h30 (de Brasília).

?Se ela fizer o seu melhor salto, em torno de 4,45m, o que é plausível, pode ir à final?, afirma. Fazer o melhor salto significará, inclusive, bater o recorde brasileiro da prova, que já é de Fabiana, com 4,40 m. A final do salto com vara será na quarta-feira, a partir das 13h10 (de Brasília).

O treinador atribui a evolução de sua atleta ao programa de intercâmbio feito pelo Brasil com o ucraniano Vitali Petrov, que foi o técnico do ainda recordista mundial (desde 1994) Bubka, hoje dirigente do atletismo. Os brasileiros foram buscar a técnica de Bubka e, nos treinos, estão corrigindo os erros. ?Temos conseguido acertar muitas coisas, mas ainda temos de continuar trabalhando. Não temos, por exemplo, experiência internacional?, observa Elson, que foi saltador entre 1980 e 1997 – sua melhor marca na carreira é de 5,02 m. ?A Isinbayeva ainda não me passou?, brinca.

Fabiana está na Vila dos Atletas, na Universidade de Otaniemi, e ainda não encontrou Isinbayeva. ?É aqui vão estar todas as meninas que eu sempre acompanho pela internet. Na hora, não posso ficar abobada, tenho de me concentrar no meu salto?, ressalta a atleta de 24 anos, que é formada em fisioterapia pela Escola Paulista de Medicina e está se especializando em Aparelho Locomotor do Esporte. Quando começou a saltar aprendendo a técnica de Petrov fazia 3,90 m. Precisou de cerca de um ano e meio até se adaptar.

?Fazer essa mudança é complicado, o atleta precisa ser jovem para ter tempo de adaptação e acreditar que isso vai dar certo. A Fabiana e também o Fábio Gomes, de 23 anos, foram os desbravadores?, observa Elson.

A TV Globo mostrou o salto com vara no Troféu Brasil. As tevês exibiram imagens do recorde de Isinbayeva, o dos 5 m, em todo o País, o suficiente para que as pessoas começassem a se manifestar. ?Eu mesmo passei a receber telefonemas dos meus alunos?, conta Elson, que trabalha também como personal trainner. O técnico, um apaixonado pela prova, acha que a radicalidade agrada os expectadores. ?É uma prova radical, em que o próprio atleta cria a onda para surfar. Se a tevê mostrar pode ser compreendido e apreciado pelo público.?

Brasileiro é eliminado nos 100 m rasos

Helsinque, Finlândia -O brasileiro Cláudio Roberto Souza deixou o Estádio Olímpico lamentando o vento contra (de 1,4 m/s) que soprou na hora da sua série dos 100 m. Claudinho foi o primeiro brasileiro a correr, ontem, na 10.ª edição do Mundial de Atletismo de Helsinque, na Finlândia. ?Estava acompanhando a prova lá dentro e a minha foi a única série com esse vento todo negativo. Talvez pudesse ter entrado por tempo, nas quartas-de-final…?, disse Claudinho, ainda na zona mista onde os atletas conversam com os jornalistas na saída da pista.

O velocista foi o quinto na série 8, com 10s55. O tempo mais rápido dentre os corredores das oito séries foi do norte-americano Leonard Scott (10s12). O campeão olímpico Justin Gatlin (EUA) fez 10s16, e o campeão mundial de 2003, Kim Collins, de St. Kitts e Nevis, correu a prova em 10s31.

Claudinho só ficou aliviado por não ter sentido dor na perna – recupera-se de uma contusão no músculo posterior da coxa direita.

?Agora é se preparar para o revezamento 4×100 m?, disse o velocista, lamentando os problemas que a equipe do Brasil está enfrentando neste mundial – em Paris, em 2003, o Brasil ficou em terceiro, mas acabou herdando a medalha de prata da equipe inglesa, punida por doping.

?O Bruno Pacheco teve torcicolo e não fez todos os treinos com o grupo, o Vicente Lenílson se machucou e teve de voltar ao Brasil, eu venho de contusão… O André vai correr os 200 m, eu corri os 100 m… quer dizer que não dará mais para ficarmos treinando o revezamento. Dessa vez não estamos afiados, vamos na sorte e na experiência.?

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