O futebol penta cai na real

Coritiba, Atlético e Paraná Clube iniciam amanhã mais uma caminhada no campeonato brasileiro, em busca da afirmação do futebol nacional e, literalmente, defender a hegemonia do título de campeão brasileiro, em poder do Furacão. Assim como a média nacional, será o brasileiro do tostão, por causa da crise econômia mundial que atingiu em cheio o futebol e moldou os clubes a um perfil coroado de modéstia. As grandes atrações foram para o exterior, deixando a base das equipes com jogadores medianos e com salários em níveis compatíveis com as dificuldades.

Mas, há também o outro lado da moeda. Pode ser um campeonato repleto de revelações, já que a situação pode resgatar a nostálgica máxima de “jogar por amor à camisa”. Agora, quem aceitar o salário tem emprego, do contrário, que procure outros ares. Foi assim com o Paraná, a maior vítima da crise e da discriminação dos Clube dos 13, que viu seus principais jogadores debandarem para equipes mais sólidas financeiramente e reduziu sua folha e gastos com o elenco.

O Atlético moldou sua filosofia para o mesmo caminho e, se não reduziu salários, evitou maiores investimentos, substituindo-os por estrutura e base. O Coritiba contratou pouco mas bem, ao contrário dos últimos dois anos, sem elevar o quantum na folha mensal.

Lições esquecidas

Como nos anos anteriores, o Brasileirão começa com o carimbo de futebol campeão mundial mas com a marca da desorganização, nas três séries – A, B e C. Ser a principal competição do Brasil não significa, necessariamente, ser a melhor. O campeonato brasileiro, que começa amanhã e se estende até o dia 15 de dezembro, como já é tradição, vai mexer com a paixão e a emoção de milhões de torcedores. Contudo, antes mesmo de seu início, já provou que nem mesmo a campanha da seleção brasileira na conquista do pentacampeonato na Coréia do Sul e no Japão, há pouco mais de um mês, foi suficiente para eximi-lo dos sérios e constrangedores problemas de organização que marcam sua realização nos últimos anos.

A realidade dos bastidores do futebol se mostrou dura. Enquanto se imaginava um grande torneio, digno de coroar o futebol cinco vezes campeão mundial, o que se vê são clubes em fase de preparação que não sabem sequer se poderão entrar em campo na primeira rodada. Tudo por causa de imbróglios jurídicos que insistem em ameaçar, a cada dia, a realização do mais importante evento esportivo do País.

O exemplo mais recente é o que envolveu as equipes do Caxias-RS e do Figueirense. Depois de muita confusão nas finais da Série B da temporada passada, com os gaúchos simulando contusões e a torcida catarinense invadindo o gramado antes de o jogo terminar, o destino do futebol brasileiro saiu do campo e voltou para os tribunais de Justiça. O clube de Santa Catarina venceu a causa e foi incluído na tabela ao lado dos outros 25 participantes. No entanto, defensores do Caxias garantem, a todo momento, que uma nova liminar pode sair em favor dos gaúchos e interromperia o campeonato.

Ver quem?

Como se não bastassem as questões extracampo que, na maioria da vezes, pouco interesse despertam na torcida, mas que influenciam o futuro e desenvolvimento daquele que é um dos principais meios de entretenimento da população, outro detalhe negativo se apresenta: a falta de estrelas.

Em crise financeira aguda, os clubes, sem exceção, ficaram reféns absolutos da venda de atletas. Leis e medidas provisórias à parte, essa ainda continua sendo a fonte de renda mais certa. E a conseqüência vai ser sentida, ou melhor, vista no campo. O atacante Romário, aos 36 anos, agora defendendo o Fluminense, ainda é a personagem principal dessa história, seu autêntico protagonista. Basta lembrar que, dos 23 atletas que compuseram a seleção brasileira no mundial, somente o goleiro Marcos, do Palmeiras, e o meia Kléberson, do Atlético-PR, continuam no Brasil.

Perspectiva

Mas nem tudo é problema. A cada edição o Brasil prova que seu potencial para revelar jogadores é quase infinito. Se estrelas como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Émerson, Cafu, Denílson, França, Roberto Carlos, entre outros, vão desfilar diante da torcida brasileira apenas na véspera da aposentadoria, nomes como Diego e Robinho, do Santos, Souza, do Vasco, Andrezinho, do Flamengo, e Nenê, do Palmeiras, podem roubar a cena.

Entre os clubes, alguns nanicos entram como atração. São Caetano, vice-campeão da Taça Libertadores da América e dos brasileiros de 2000 e 2001, e Paysandu, campeão da Copa dos Campeões, prometem dar trabalho. Basta esperar os 349 jogos para ver!

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