O espetáculo e o gol resgatados

PRA FRENTE / time ficou a um gol do recorde de todos os campeonatos

Quem se lembra do futebol espetáculo ou ofensivo? A lembrança de elencos como o Flamengo de Zico e cia, da seleção de Telê (Espanha/82), ou do fantástico time do tri (México/70), nos dá saudade. Nos anos 90, o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo chegou a empolgar.

Bola pra frente, ataque fulminante ou simplesmente fome de gols. Para alegria da torcida brasileira, foi essa a tônica das campanhas dos finalistas do Brasileirão/2001, Atlético-PR e São Caetano. Se isso é novidade para alguns, não o é para os torcedores do Clube Atlético Paranaense. Eles já estão (mal) acostumados a festejar e ver, vestidos com o “manto sagrado”, jogadores com faro de gol.

Somente este ano, a equipe rubro-negra deixou sua marca nas redes adversárias 68 vezes. Ficou a um do recorde estabelecido pelo Vasco (69), em 1997, lembrando um verdadeiro Furacão. Embora o apelido tenha surgido no Paranaense de 1949, com Jackson e Cireno, foram as campanhas da segunda metade da última década que empolgaram a torcida, impondo respeito aos adversários.

Ídolos surgiram ao longo da história. Como Sicupira, o maior goleador rubro-negro de todos os tempos, ou Nílson Borges, um craque. O título da Segunda Divisão em 95 foi o ponto de partida para a retomada. O fanatismo de sua apaixonada torcida, aliado à mística da Baixada, empurraram o Atlético em direção ao ataque.

Naquele ano, Oséas e Paulo Rink fizeram torcida e crônica recordar a dupla Washington e Assis, destaque de 1983. Depois foi a vez de Tuta e Warley marcarem passagem pela Baixada com gols memoráveis. Com a Arena de pé (99), estava pronto o alçapão e a volta às origens do Furacão, um clube cunhado para vitórias

O quadrado mágico, formado por Kelly, Adriano, Lucas e Kléber levou o time à sua primeira conquista nacional: o torneio seletivo para a Libertadores. A vítima da final foi o Cruzeiro que, em pleno Mineirão, foi batido por 2×1.

Na primeira fase da Libertadores o Furacão foi o melhor. Venceu cinco de seus seis jogos. Ao priorizar o ataque, caiu diante do Atlético-MG, dentro da Arena, nas oitavas-de-final.

Mas foi a temporada 2001 que demonstrou a vocação do Atlético-PR de ser um time ofensivo. No primeiro semestre conquistou o bicampeonato estadual, chegando a abrir 17 pontos dos rivais durante a fase de classificação.

No segundo, foi coroado com o título brasileiro, numa inesquecível final em dois jogos recheados de emoção, que nos remete ao verdadeiro futebol brasileiro, referência cultural de nosso povo. Malandragem aliada à técnica e alegria com criatividade são alguns pontos de identidade entre futebol e Brasil. Foi isso que o Atlético resgatou. Como nos tempos em que nos orgulhávamos de vencer ou conquistar títulos. Mas dando espetáculo.

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