Não há um time sequer no Brasil que não conheça o empresário Sérgio Cunha. E não se trata de empresário de atleta ou coisa do gênero. Sérgio é a tradução perfeita do anjo da guarda das delegações que vêm a Curitiba para a disputa de jogos com as equipes paranaenses. Do hotel ao transporte, ele cuida de todos os detalhes para que as equipes tenham a melhor estada possível na cidade.
“É uma correria, mas um trabalho gratificante, especialmente para quem gosta de futebol”, diz.
Curiosamente, o trabalho com os clubes começou com uma paixão. Ele torcia para o Inter e quando a equipe veio, em 95, para a cidade, se ofereceu para ajudar no transporte. “Foi o pontapé inicial. Não me pagaram nada, mas ali nasceu um ótimo negócio.”
Bom de papo e perfeccionista no que faz, não demorou para ele conquistar a confiança dos clubes. “O negócio foi crescendo no boca a boca e hoje tenho um bom relacionamento com todos, inclusive com a Federação Paranaense de Futebol (FPF).” Aliás, esse bom relacionamento com a FPF rendeu a Sérgio contatos com a CBF. Quando a seleção brasileira vem a Curitiba, ele ajuda no transporte.
Com oito anos de estrada, sempre andando colado com os jogadores, Sérgio tem muita história para contar. As mais comuns dizem respeito a vôos perdidos. “Tem jogador que fica para o exame antidoping e demora tanto que às vezes viaja no dia seguinte.” Quando ainda era usual os médicos usarem cerveja para acelerar a coleta de urina, às vez não era bem por causa da dificuldade dos atletas de urinar. “Teve um episódio com dois jogadores que ficaram das 23h30 às 3h30 tomando cerveja. Eles aproveitaram que não poderiam tomar depois na churrascaria”, lembra.
Outra questão que ele acaba tendo que administrar é o assédio das torcedoras aos jogadores – as famosas marias-chuteiras. “Já foi pior, mas sempre tem. É complicado porque acabo sendo ríspido às vezes.” O grande problema é que como os times estão em regime de concentração, treinadores e dirigentes não vêem com bons olhos a presença de mulheres no hotel. “Tem treinador, como o Luxemburgo, que põe segurança no corredor do hotel, mesmo porque há mulheres que se hospedam para encontrar os jogadores”, conta.
Aliás, Luxemburgo é o treinador mais exigente que Sérgio conhece. Entre os clubes, o São Paulo é o mais detalhista. “Tenho que ficar à disposição 24 horas.” Aliás, com tantos jogos no campeonato, a agenda de Sérgio Cunha está cheia. “Bom assim. É muito gratificante trabalhar com futebol.” E mesmo que às vezes leve alguns calotes, ele é diplomático. “O clube fica, o dirigente sai.”