A gente nunca está preparado para este tipo de notícia. Nós, jornalistas, somos testemunhas de diversas cenas tristes, vivemos a angústia e a dor de muita gente, e temos a obrigação de manter um distanciamento crítico. Na verdade, é nosso dever ter um distanciamento de qualquer evento. Mesmo as nossas cenas dramáticas do dia a dia.
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Mas, como disse Armando Nogueira quando da conquista do tricampeonato mundial, “onde estão as palavras quando eu mais preciso delas?”. Vamos falar o quê quando vemos uma situação trágica, inesperada, assustadora como a que acaba de acontecer?
Estamos vivendo a maior tragédia do esporte brasileiro desde a morte de Ayrton Senna. Em números (esses odiosos números), é o maior acidente com um clube de futebol. Um clube que se tornou próximo por conta das inúmeras pessoas que conviveram com a gente e pelo fato de ter escolhido Curitiba como sua casa na final da Copa Sul-Americana.
A Chapecoense escreve uma história única no nosso futebol. Subiu a escadinha, saiu das divisões inferiores e chegou na Série A, e neste ano vivia o sonho dourado de fazer sua primeira decisão continental. Carregava consigo a simpatia de tantos torcedores, para que fizesse bonito, para que conseguisse derrotar o poderoso Atlético Nacional.
É isso que faz com que todos nós sequer saibamos o que falar neste momento. Na minha cabeça passam os atletas que estiveram em nossos clubes, como Cléber Santana e Gil. Havia outros mais, havia 22 atletas que sabiam estar escrevendo a história de um clube. Assim como os colegas, jornalistas que cobriam uma decisão inédita. Sem falar na dor das famílias. Talvez hoje sejamos todos uma única família, crivada de dor.
E o Caio Júnior? Todos nós convivemos tanto com ele. Uma pessoa especial, que foi colega de rádio e televisão, que lutou muito, mas muito mesmo para brilhar como treinador. Venceu todas as dificuldades, superou todos os obstáculos, teve sucesso aqui e no exterior. E agora retomava a carreira nacional de forma espetacular.
Tudo isso evapora em uma pane, tudo desaba em um instante, o sonho vira pesadelo no meio da madrugada. E as palavras, onde estão quando eu preciso delas?