O atletismo brasileiro está afundado na maior crise de sua história. Depois da divulgação de oito casos de doping em cerca de um mês e meio, mais três vieram à tona nesta terça-feira. Leonardo Elisário, do salto triplo, Fernanda Gonçalves, do salto em distância, e João Gabriel dos Santos, do salto com vara, teriam sido flagrados em exame realizado no Campeonato Sul-Americano do Peru, em junho – a competição foi, para muitos atletas, a última oportunidade de obter índice para o Mundial de Berlim, que aconteceu em agosto.
João Gabriel dos Santos e Fernanda Gonçalves, ambos da equipe BM&F, teriam sido flagrados por uso de bolderona, anabolizante para aumento de força muscular, e exemestane, substância para terapias hormonais de pacientes com câncer de mama. A BM&F não quis se pronunciar sobre o assunto e avisou ter orientado seus atletas e respectivos técnicos – João Gabriel dos Santos é treinado Elson Miranda, o mesmo de Fabiana Murer, enquanto Neilton Moura é o responsável pela preparação de Fernanda Gonçalves – a não comentar o caso até que a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) se pronuncie formalmente.
De acordo com as regras do Comitê Olímpico Internacional (COI), casos de doping só podem ser divulgados em três situações: após confissão do atleta, depois da autorização do envolvido ou depois da confirmação de resultado positivo da contraprova. Assim, a CBAt ainda não anunciou oficialmente a situação de João Gabriel dos Santos e Fernanda Gonçalves.
Leonardo Elisário, por sua vez, abriu mão da confidencialidade. E, por isso, é, por enquanto, o único caso já confirmado pela CBAt. O saltador, da equipe Rede, teve resultado positivo para o anabolizante stanozolol, que aumenta a força muscular. Por escrito, negou ter utilizado a substância proibida e isentou seu técnico, Nélio Moura – o mesmo da campeã olímpica de salto em distância Maurren Maggi -, de responsabilidade no caso. A contraprova já foi solicitada.