Deixando transparecer muita confiança, Pintado foi apresentado ontem, oficialmente, como o novo técnico do Paraná Clube. Apesar dos 100% de aproveitamento no Brasileirão, ele acredita que há muito a ser trabalhado e vai cobrar o máximo de cada atleta, seguindo ensinamentos que adquiriu ao longo de uma carreira vitoriosa. Citou os muitos treinadores de ponta com quem trabalhou, como Vanderlei Luxemburgo, Zagallo, Carlos Alberto Parreira e César Menotti, mas não esconde o carinho que ainda nutre por Telê Santana e o orgulho por ser visto como mais um discípulo do ?mestre Telê?.
?Todos esses treinadores são ou foram vitoriosos por pura capacidade?, citou Pintado. Luiz Carlos de Oliveira Preto, 41 anos, ainda recorda com carinho dos tempos de São Paulo, onde era ?vizinho de porta? de um dos treinadores mais consagrados do futebol brasileiro. ?Morávamos na concentração do São Paulo. Eu no quarto 14, e o ?seo? Telê no 15. Quando ele abria sua porta, todo mundo ficava esperto?, recordou. Pintado traz ainda na memória os muitos ensinamentos de Telê, principalmente no que diz respeito à disciplina.
?Ele sempre foi muito exigente. Alguns achavam a cobrança até excessiva.
Mas o próprio Telê dizia que aquilo não era para o bem dele, mas dos atletas. Quem o ouviu, está muito bem na vida?, comentou Pintado. Além do convívio com Telê, o novo técnico do Paraná viveu no São Paulo os melhores momentos de sua carreira como treinador. Algo que ele não usa no momento de orientar seus jogadores. ?O que vivi dentro de campo é passado. Não sou técnico por causa disso. Me preparei para a nova função com vários cursos e não caí de pára-quedas como técnico de futebol?, frisou Pintado.
O treinador revelou que esse ?namoro? com o Paraná vem de longa data. Em 2005, quando trabalhava no Atlético de Sorocaba, Pintado foi sondado para assumir o Tricolor. ?Sei da seriedade com que os dirigentes trabalham aqui. Quero seguir a mesma linha dos treinadores que passaram por aqui e venceram. Mas, além disso, quero deixar algo de bom para o clube. Vim para marcar e não para passar pelo Paraná?, disse Pintado. ?E isso, a gente obtém com conquistas. Carro a gente troca, casa a gente muda, dinheiro a gente gasta.
Mas títulos ficam guardados para sempre?.
Pintado disse ter ficado impressionado com o ambiente entre os profissionais do clube, na viagem a Caxias do Sul.
?Vi, ali, que o grupo é uma família. Isso me deixa animado e com a certeza que iremos realizar um grande trabalho?. O treinador começa a trabalhar hoje com o grupo, dando seqüência ao que vinha sendo desenvolvido por seu antecessor. Aos poucos, vai impor as suas idéias, mas não vê dificuldades para esse período de transição. ?Vi um grupo de muita capacidade e por isso sei que posso exigir mais?, disse Pintado. ?Creio que esse time pode e deve agredir de forma mais organizada e aos poucos a gente vai atingir o ponto ideal?, finalizou.
Auxiliar é só um pouco mais velho que Flávio
Num rápido comparativo, ele é apenas dois anos mais velho que o goleiro Flávio, titular do Paraná Clube desde 2003. Porém, Marcelo Martelotte, 38 anos, já abraçou a carreira de treinador quase cinco temporadas. Uma transição planejada no momento em que não sentiu mais motivação para jogar futebol. Marcelo tem em seu currículo passagens por clubes de ponta e títulos marcantes como o Paulista de 1990, vestindo a camisa do então emergente Bragantino.
No ano seguinte, pelo mesmo clube, foi vice Brasileiro. Depois, passou por Santa Cruz, Santos e Sport, antes de ?pendurar as luvas? em seu clube de origem, o Taubaté. Foi lá, também, que Marcelo iniciou nova fase em sua vida, assumindo a equipe de juniores. Trabalhou também nas categorias de base do União Mogi e do Palmeiras, antes de formar ?dobradinha? com Pintado. Trabalharam juntos no Atlético Sorocaba, no Taubaté e no Rio Branco de Andradas.
?Estava perto de ir para o Noroeste, com o Pintado, quando surgiu essa nova possibilidade?, disse Marcelo. O auxiliar também traz como experiência o fato de ter trabalhado com treinadores de ponta enquanto goleiro. ?Aprendi muito com o Luxemburgo, com o Parreira, com o Candinho. Procurei assimilar o que foi possível e fiz vários cursos, me preparando para esse momento?, comentou Marcelo. Ele, a exemplo de Pintado, acredita na disciplina para se formar um grupo vencedor.
?O mais importante, na minha visão, é o dia-a-dia. Um jogo se ganha durante a semana?, frisou. Em sua primeira oportunidade no futebol paranaense, destacou o retrospecto vitorioso do Paraná Clube, que traz como marca o fato de impulsionar a carreira de muitos técnicos de futebol. ?Mostra a confiança da diretoria em uma filosofia de trabalho. Espero ajudar na continuidade desse processo, mantendo o clube em evidência no cenário nacional?, comentou Marcelo Martelotte.