Novo Coxa com essência 2002

Nada como o entrosamento. Se o Coritiba aparentou estar desconjuntado no primeiro tempo da partida contra o Avaí, na segunda etapa conseguiu mostrar serviço com a entrada de Tcheco. A boa atuação do meio-campista (apesar de ele estar visivelmente fora de forma) serviu para confirmar o pensamento do técnico Paulo Bonamigo – o estilo de jogo já adotado no ano passado será mantido, apenas com adaptações em algumas posições. A essência será a mesma.

Os primeiros 45 minutos mostraram um time ?travado?, vindo de uma forte preparação física e que encarava pela primeira vez um adversário melhor qualificado. Era evidente a dificuldade coxa na defesa – sem o entrosamento ideal, Roberto Brum, Lima e Almir cediam muito espaço aos meio-campistas catarinenses, o que fez com que Fernando (que está em ótima forma) e o trio de zagueiros do Cori penasse com as jogadas ofensivas adversárias.

Assim, Edinho, Reginaldo Nascimento e Fabrício se desdobraram para segurar o Avaí. Eles mostraram que, se não estão plenamente entrosados, já conseguiram criar ao menos uma ordenação nas jogadas defensivas. Fabrício é o que sai no primeiro combate; Edinho mantém-se na sobra, avançando quando necessário; e Nascimento é o responsável pela saída de jogo. O desgaste fez com que alguns erros acontecerem – normais, segundo Bonamigo. “Cansei no segundo tempo, e aí não se consegue nem orientar os companheiros”, confessa Fabrício.

Almir e Lima também não conseguiam se acertar na armação. O reforço, sentindo o longo tempo sem jogar, correu bastante mas produziu pouco. Lima parecia desacostumado à sua posição original (ponta de lança). Isso dificultava o trabalho da dupla Edu Sales e Marcel, que dependia dos lançamentos longos de Brum – e foi em um deles que Edu sofreu o pênalti que Marcel converteu, abrindo o placar.

Com Tcheco em lugar de Almir, o Coritiba foi outro no segundo tempo. “Era natural, pois eles estão mais entrosados”, resume Bonamigo. Sem participar de nenhuma movimentação tática este ano, o meio-campista poderia sentir certa dificuldade, mas logo passou a comandar as ações ofensivas e defensivas da equipe.

Contando com a eficiente ajuda de Brum, Edu Sales, Reginaldo Araújo e Adriano (os melhores em campo), Tcheco empurrou o Cori para o ataque, usando Marcel como pivô que abria espaços para armadores e laterais chegarem à área. O placar final de 3×0 comprovou que o caminho está traçado. “Temos que evoluir mais, mas os primeiros resultados que temos são bastante animadores”, finaliza Bonamigo.

Goleada no Alto da Glória para poucos “abonados”

Foi fácil. O Coritiba goleou o Avaí no sábado por 3 a 0, na primeira partida da temporada. O jogo marcou a estréia de três reforços (Edu Sales, Almir e Fabrício) e o retorno de Tcheco. Os pouco mais de quatrocentos torcedores que foram ao Alto da Glória aproveitaram a tarde de sol para pegar uma cor.

Era tão pouca gente que qualquer conversa (dos jornalistas, dos jogadores, da torcida) podia ser ouvida. E isso fez com que alguns aproveitassem o momento para tirar dúvidas sobre o preço do ingresso (salgados quinze reais) e até mesmo sobre contratações com o secretário Domingos Moro, que bateu longos papos com a torcida, separado apenas pelo fosso.

Quando a bola rolou, percebeu-se que as duas equipes ressentiam-se do trabalho físico exaustivo da pré-temporada. Com isso, o jogo era arrastado e sem emoções. A melhor chance da partida fora interrompida -Brenner recebeu lançamento e partiu livre, mas o assistente Altemar Roberto Domingues assinalou erradamente o impedimento. Se bem que isso não impediu o atacante catarinense de chutar, e acertar a trave.

Valendo, o primeiro lance de emoção aconteceu aos 35 minutos, quando Roberto Brum lançou Edu Sales, que driblou Beto e acabou agarrado pelo zagueiro na entrada da área. Marcel cobrou o pênalti e marcou o primeiro gol do Coritiba no ano.

Na volta para o segundo tempo, Bonamigo colocou Tcheco em lugar de Almir, e o Coritiba melhorou. Por sinal, o jogo melhorou, pois os dois times resolveram atacar mais. E, graças a qualidade superior, o Cori definiu a partida. Aos 22 minutos, após uma rápida tabela, Marcel levou um carrinho de Marcelo Miguel. O pênalti foi cobrado por Edu Sales, que marcou seu primeiro gol no clube. Logo depois, ele foi substituído sob intensos aplausos da torcida.

Poucos minutos depois, o placar foi fechado. Aos 26 minutos, Marcel investiu pela direita e cruzou para a área. Tcheco errou, mas Adriano chegou chutando e marcou o terceiro coxa (o primeiro do lateral como profissional). Com o jogo resolvido, Bonamigo aproveitou para fazer observações de vários atletas -por sinal, era para isso que servia a partida. E no final das contas, o treinador conseguiu o que queria: avaliou jogadores, esquemas táticos e ainda venceu. É melhor começar assim. (CT)

Tigres era o destino de Tcheco

Tcheco resolveu falar. Poucos dias depois de renovar contrato com o Coritiba por um ano, o meio-campista contou detalhes novos sobre sua novela e acabou colocando um ponto de interrogação sobre a sua negociação e sobre a ida dos atleticanos Alex e Kléber para o Tigres, do México.

“Vou dizer uma coisa. É um milagre eu ter ficado no Coritiba. Aconteceram algumas coisas durante a negociação que vocês (a imprensa) não ficaram sabendo”, diz Tcheco. Realmente, poucos sabiam – e estes estavam no círculo pessoal do jogador -que ele estava sendo negociado com o Tigres. O clube de León estava nas manchetes não por ele, mas sim pela dupla de ataque campeã brasileira no Atlético.

Segundo Tcheco, o negócio estava fechado. “Era uma proposta muito boa para mim e também para o Malutrom. Até meus documentos já tinham sido mandados para a Federação Mexicana para o registro ser feito”, conta o jogador coxa. Mas aí teria entrado um empresário (Tcheco não quis dizer quem teria sido) na história. “Soube até que ele teria pago para um diretor do Tigres agilizar a ida de outros jogadores”.

Se isso aconteceu, Tcheco não sabe – são detalhes que ele preferiu nem se aprofundar. Mas a realidade é que o negócio não saiu, assim como o interesse do AEK e do IFK (ambos da Suécia), do Corinthians, da Ponte Preta e do Palmeiras, que oficializou uma proposta horas depois de ele ter acertado com o Cori. “É melhor assim, porque estou em um clube que me deu a grande chance da carreira”, completa.

Marco Brito

O atacante jogou ontem pelo Fluminense, mas o Coritiba ainda pensa em contratá-lo. “Teremos uma definição na terça-feira”, diz o secretário Domingos Moro. Mas, pela primeira vez, o dirigente reconheceu que o negócio pode gorar. E se isso acontecer, é grande a chance de o Cori parar de contratar, pelo menos por enquanto. “Quem sabe damos mais chances ao Marcel. Vamos apostar nos nossos jovens, e se for o caso não contratamos ninguém”, resume. Sobre o caso Tcheco, Moro não quis comentar o tal ?atravessador?. “Falo sobre meus amigos, como são o Tcheco e seu procurador (Ruy Gel)”. (CT)

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