São Paulo – Uma novata pode ser o grande trunfo da seleção brasileira de vôlei em Atenas. É Marianne Steibrecher, uma paranaense nascida em Rolândia, que ganhou o apelido de “Ice Woman” (mulher gelo). Aos 20 anos, e com 1,89m, Mari teve uma evolução surpreendente em uma temporada: foi a revelação da Superliga e peça fundamental na seleção que conquistou o tetracampeonato do Grand Prix, na Itália.
No time de Osasco desde as categorias de base, Mari foi titular em todos os jogos da equipe desde a terceira fase sem se abalar. A oportunidade veio quando Bia, a outro oposto da equipe e do Finasa, se machucou. Sem pressão, Mari entrou e jogou bem durante toda a temporada. Zé Roberto, que também foi técnico do time de Osasco, sempre teve orgulho de ter ajudado na formação da atacante. “Tem gente que diz que a Mari é minha filha”, discursa, orgulhoso.
Versátil e com qualidade técnica apurada, Mari pode jogar como ponta ou oposto. Além disso, por ser novata na seleção, ainda não tem o jogo conhecido pelas adversárias. Em Atenas, isso pode ser um importante fator para Zé Roberto.
Mais do que uma atleta aplicada, Mari é conhecida pela frieza em quadra. Quando pontua, ou mesmo nas conquistas de títulos – fora o título do Grand Prix, foi campeã paulista e da Superliga pelo Finasa/Osasco – a atacante mantém a expressão sisuda no rosto. Difícil é ver um sorriso no rosto da moça.
Mas a jogadora está longe de ser “amarga”. Ela é neta de russos e alemães, daí vem sua frieza em quadra. “Pode ser pela minha origem. Até os 5 anos, só falava alemão. Quando entrei na escola, pedi a minha mãe para falarmos português em casa. Hoje, ainda entendo, mas já não me lembro do alemão”, diz.
A carreira no vôlei começou em Rolândia, interior do Paraná, onde deu suas primeiras cortadas. “Quando comecei, era a mais alta do time e fui jogar pelo meio. Em Londrina, tinha de fazer saída de rede. Em São Paulo, comecei a ser ponta.” Antes de jogar no Finasa, em 2000, Mari ainda jogou no Grêmio Londrinense.
Brincadeiras não faltam entre as companheiras de seleção. A levantadora Fernanda Venturini, que jogou em Osasco a temporada passada, era uma das que mais ressaltavam a seriedade de Mari nos jogos. “Ela me chamava de Sokolava, a jogadora russa. Não está em mim sair pulando quando derrubo uma bola”, diz.
Fora da quadra, Mari diz que é extrovertida. Toma até atitudes consideradas rebeldes por alguns: usa piercing na orelha e tem três tatuagens. Uma delas é das Meninas Superpoderosas, um desenho que trata de três irmãs – Lindinha, Docinho e Florzinha. A jogadora fez a tatuagem na perna, com outras duas amigas, e se identifica com Lindinha, a menina superpoderosa loira, de olhos claros que é a mais meiga das três irmãs.
Estreante na seleção, Mari não se intimidou com a altura das adversárias e fez uma bela participação: ficou em terceiro lugar entre as maiores pontuadoras da fase final da competição, com 64 pontos, atrás apenas da cubana Yumika Ruiz e da norte-americana Logan Tom, que anotaram 66 pontos.
Ranking
Com a conquista do tetracampeonato do Grand Prix, a seleção brasileira subiu para o segundo lugar do ranking mundial da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). O Brasil está a apenas 4,5 pontos dos EUA, que tirou a liderança da China e tem 236 pontos. As chinesas, favoritas ao ouro olímpico, estão com 227 pontos e na terceira colocação, na frente de Itália (203,75), Cuba (163,5) e Rússia (107,5).