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Ex-árbitro guardou num cofre o famoso cheque de R$ 5 mil. |
O ?homem-bomba? do futebol paranaense voltou a atacar. O ex-árbitro José Francisco de Oliveira, o Cidão, depôs ontem no 1.º Distrito Policial, em Curitiba, no inquérito que investiga o caso ?Bruxo 2?.
Cidão diz que entregou à polícia ?provas? de todas as denúncias que fez em 2005, contra dirigentes da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Inclusive, o famoso cheque de R$ 5 mil, que teria recebido para fraudar o resultado de uma partida do campeonato estadual, em 2000.
Através das denúncias de Cidão, o ex-presidente da FPF, Onaireves Moura, foi pela primeira vez envolvido no maior escândalo da arbitragem estadual. Em outubro de 2005, direto de Londres, onde mora desde que encerrou a carreira de árbitro, ele deu uma entrevista explosiva à emissora de tevê por assinatura ESPN Brasil, dando novas proporções ao caso ?Bruxo?, que havia estourado dias antes.
Na época, Cidão acusou Moura de acertar com o, então, presidente do Ponta Grossa, Antônio Mikulis, a venda do resultado de um partida contra o Prudentópolis, válida pela última rodada da 1.ª fase do paranaense de 2000. O acordo teria sido fechado durante uma pescaria no Pantanal, pelo preço de R$ 50 mil.
A Cidão, que apitou a partida, caberia a quantia de R$ 5 mil, pagos num cheque que o ex-árbitro afirmava nunca ter descontado e que estaria guardado em um cofre na Inglaterra. O jogo terminou empatado em 1 a 1. ?Naquele dia, tive uma das melhores atuações de minha carreira?, afirmou Cidão na ocasião.
Em Curitiba, para rever parentes, o ex-árbitro aproveitou para entregar as ?provas? de suas acusações. ?Eu prometi que quando voltasse ao Brasil iria apresentar todas as provas. Foi isso que eu fiz. Estava com isso entalado?, afirma. O famoso cheque também já estaria nas mãos da polícia. ?Entreguei vários documentos, inclusive o cheque?, garante.
Além de Moura, as denúncias de Cidão envolvem também o atual diretor da Escola de Árbitros da FPF e ex-presidente da Comissão de Arbitragem, José Carlos Marcondes. Ele teria trocado a escala de árbitros da partida, que inicialmente seria apitada por Oscar Roberto de Godói, para incluir Cidão.
?Inocente?
Na época da denúncia, Moura, que segue preso no Centro de Triagem, em Piraquara, se defendeu. Ele confirmou ter encontrado Mikulis na tal pescaria, mas negou a ?venda? do jogo. ?Este cheque pode até existir. Mas a FPF não participou de nenhum esquema?, garantiu.
Marcondes também negou as acusações. ?Com todo o respeito ao Ponta Grossa e ao Prudentópolis, não era jogo para Godói, árbitro da Fifa. A partida mais importante da rodada era Londrina x Atlético?, afirmou. Para ele, Cidão estava ?desesperado? pela pena de eliminação do futebol que havia sofrido no STJD, no caso ?Bruxo 1?.
Enquadrados
Mesmo jurando inocência, Moura e Marcondes acabaram denunciados no inquérito do auditor do TJD do Paraná, Paulo César Gradella. Moura foi enquadrado nos artigos 222, 237 e 239 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), com penas de até 4 anos de suspensão. Marcondes, nos artigos 222 e 241, que prevê a eliminação do futebol.
O inquérito de Gradella acabou arquivado e o caso virou ?pizza? na Justiça Desportiva. Porém, o documento serviu como base para as investigações da Polícia Civil, que deve ouvir Marcondes nos próximos dias. Os ex-presidentes da Comissão de Arbitragem, Fernando Luiz Homann e Nelson Orlando Lemkhul, também são investigados.