A “nova geração” do vôlei brasileiro atingiu seu primeiro objetivo. A vitória de ontem sobre a Rússia por 3 sets a 2 (parciais de 25/18, 18/25, 25/19, 22/25 e 16/14), com mais de 14 mil pessoas na Arena da Baixada, classificou o Brasil para a semifinal da Liga Mundial em primeiro lugar, decidindo a vaga para a final hoje, às 15h, com expectativa ainda maior de torcida no estádio do Atlético. Mas até que ponto é nova essa equipe que parte para o ciclo olímpico que visa os Jogos de Tóquio, em 2020?
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O técnico é novo, sim. E os métodos também. Renan dal Zotto é um ano mais novo que Bernardinho, e também tem menos experiência como treinador. Ao mesmo tempo, conviveu por muito tempo nos bastidores do esporte, como dirigente de confederação e gestor de clube, e por isso tem um perfil bem mais maleável. Este estilo também se estende para a quadra, no trabalho dele e de sua comissão técnica.
Renan quis dar, em um primeiro momento, um tom de continuidade no trabalho de Bernardinho. Por dois motivos – primeiro, obviamente, pelo sucesso absoluto do período de 16 anos; segundo, para que a renovação seja lenta, gradual e segura, como diria aquele outro presidente. Seus auxiliares mostram isso: um é Ricardo Tabach, braço direito do ex-técnico da seleção desde os tempos de Curitiba e até hoje no Rexona/Sesc; e o outro é Marcelo Fronckowiak, campeão da Superliga como técnico pelo RJX e homem de confiança de Renan.
Para iniciar o trabalho, o novo treinador pôde aproveitar praticamente todo o time titular dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Faltou apenas o curitibano Lipe, lesionado. Mas com a entrada de Maurício Borges, formou-se novamente a equipe que iniciou a Olimpíada. Assim, Renan tem uma equipe jovem mas rodada. E pode iniciar sua renovação.
O termo “renovação” vale porque é o primeiro ciclo olímpico sem Giba, Murilo e Serginho em doze anos. Hoje, a espinha dorsal da seleção é formada por jogadores como Bruno e Lucão, ambos de 31 anos, Wallace, com 30 anos recém-completados, e Lucarelli, de apenas 25 – para o vôlei, ainda um garoto. Eles lideram um grupo que hoje tem jovens como Rodriguinho, o novato da seleção, de 21 anos e grande aposta de Renan dal Zotto – o ponteiro chegou a ser utilizado durante a partida de ontem.
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Um grupo em formação e um técnico em início de trabalho ainda mostram irregularidades. “Estamos ganhando foco, corpo. E esses altos e baixos são normais. Temos que minimizar isso porque quem for mais regular vai levar a melhor”, concorda Bruninho. E isto foi visto na Arena nas vitórias sobre Canadá e Rússia. O jogo da seleção ainda não flui normalmente, principalmente nos fundamentos decisivos do esporte, saque e passe. Sem o passe na mão, Bruno não consegue acelerar o jogo, característica principal do vôlei brasileiro desde os tempos de Ricardinho. Mesmo assim, o Brasil passou com sobras e chega na semifinal como favorito ao título.
O que aumenta a pressão e, ao mesmo tempo, dá fôlego para este novo grupo brasileiro. E para o novo líder, o capitão Bruno. “É um início de trabalho ainda, o grupo está se conhecendo. Apesar de termos uma base, ainda estamos criando uma identidade. Ainda temos que resolver algumas coisas. Esses apagões ainda nos incomodam. Tivemos altos e baixos e temos que aprender a jogar assim, ganhar quando não estivermos tão bem. Precisamos passar por esses momentos de dificuldades para ganhar mais casca”, finalizou o camisa 1 do Brasil.