Nova geração ?brazuca? agita o surfe mundial

Fernando de Noronha – Quando eles entram no mar, não pensam apenas nas melhores ondas. Querem, também, um lugar ao sol na disputada elite mundial do surfe.

Mirando exemplos como o do paulista Adriano de Souza, o Mineirinho, de 18 anos, e do pernambucano Bernardo ?Pigmeu? Miranda, de 23 anos, participantes do World Championship Tour (WCT), vários jovens brasileiros da mesma geração lutam para chegar à elite do surfe mundial. Desafio que passa pela divisão de acesso ao circuito, o World Qualifying Series (WQS).

O carioca Simão Romão ainda saboreia o gosto de sua principal vitória: a primeira etapa do ano, em Florianópolis. Aos 21 anos, campeão do brasileiro profissional de acesso em 2005, Romão prevê um longo caminho até o topo. ?Vou ter que batalhar muito, etapa por etapa.? Para isso, conta com os sábios conselhos de atletas experientes, da geração que vai se despedindo. ?O Neco (Padaratz), o Peterson (Rosa), o Vitinho (Victor Ribas)… são caras que respeito muito. É com eles que quero aprender, para quem sempre pergunto como é o circuito?, admite.

Peterson Rosa, tricampeão brasileiro, dá seu voto de confiança aos garotos. ?É muito legal essa renovação, porque no Brasil temos uma geração que precisava ser trocada, coisa que os americanos e australianos já fizeram?, analisa o atleta que, aos 32 anos, decidiu se despedir da elite mundial no fim do ano passado. ?Eu acredito muito neles. Mas a dificuldade maior é aprender o sistema de competição, sempre com muitas viagens. Se você não aprender, acaba se estressando muito.?

Para Romão, ainda não está longe o tempo em que competia para ganhar roupas ou outros prêmios. Lembra perfeitamente da primeira vez que ganhou dinheiro. ?Foi em 2001, quando ganhei R$ 600,00. Aí fiz um churrasquinho, levei os amigos em uma pizzaria.? Da mesma maneira, também não se assusta com a concorrência, porque são atletas que se conhecem há muito tempo.

Seu oponente em Florianópolis, por exemplo, foi um ?inimigo íntimo?. O cearense Pablo Paulino, de 19 anos, campeão mundial pro júnior em 2004, é amigo de dividir o quarto e as histórias. Para competir em Santa Catarina, foram juntos, de carro, até São Paulo. ?Essa geração está vindo com tudo para o WCT.?

A entrada no circuito de acesso também reflete mudanças de comportamento. Pablo, por exemplo, conta com preparação física e psicológica, para não se perder por entre as ondas. ?Quando a gente é amador, não encara as coisas com tanta responsabilidade. Se destacar antes de ser profissional é mais fácil, mas muita gente acaba se perdendo depois.?

O catarinense Jean da Silva, campeão do Hang Loose no ano passado, também faz de seu planejamento fora das águas o trunfo para uma carreira longínqua. Dedica-se aos treinos musculares, à natação e mantêm uma vida regrada. ?É como se eu fosse sair para trabalhar em um escritório, todos os dias. Acordo cedo, vou dormir cedo, relaxo.?

Competindo de maneira ininterrupta desde o primeiro fim de semana do ano – ganhou duas etapas do circuito sul-brasileiro -, acredita fazer parte de uma geração promissora. ?Acho legal ver a nossa geração, tão nova, se dando bem. É o Brasil que está lá em cima.? Para Pablo, essa é a turma que pode dar ao Brasil o inédito título do circuito mundial.

Em Noronha, deu Aritz Aranburu

Um novo país passou a aparecer na galeria de campeões do Hang Loose Pro Contest com a vitória do espanhol Aritz Aranburu em Fernando de Noronha. Pelo segundo ano seguido, a decisão do título não foi nos tubos da Cacimba do Padre, pois as ondas baixaram para 1 metro de altura e o grande intervalo entre as séries acabou dificultando ainda mais a ação dos surfistas dentro d?água.

O surfista de 21 anos, que faz questão de dizer que é do País Basco, teve mais sorte em achar as melhores ondas nas três baterias que disputou para conquistar sua primeira vitória em uma prova importante do circuito mundial. O campeão faturou 12.000 dólares de prêmio e assumiu a liderança isolada no ranking do WQS com os 2.500 pontos recebidos no primeiro evento ?prime location? da temporada. O vice-campeão Leandro Bastos, também de 21 anos de idade, ganhou 6.000 dólares e 2.188 pontos que o levaram para a 12.ª posição na classificação geral das quatro etapas.

?Não sei nem expressar o que eu estou sentindo agora. Estou muito feliz por ter vencido esse campeonato aqui nessas ondas muito boas e espero poder voltar aqui no ano que vem para defender o título que vai ficar marcado na minha carreira?, disse Aritz Aranburu, logo que saiu do mar. ?Essa é a terceira vez que eu venho para Noronha, sempre sou bem recebido pelos locais aqui e isso é muito bom?, completou o primeiro espanhol a liderar o ranking WQS em toda a sua história.

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