Em um momento em que o mundo discute o movimento migratório internacional, o Brasil conta com o reforço de um imigrante armênio para disputar o Mundial de Luta Olímpica, que começa nesta segunda-feira, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Eduard Soghomonyan não tem nenhum vínculo sanguíneo com cidadãos brasileiros e chegou ao Brasil em busca de uma vida melhor do que a que tinha na Armênia.
Soghomonyan, quinto lugar no Mundial Júnior de 2010, trabalhou como uma espécie de acompanhante da delegação brasileira que participou, em 2011, dos Jogos Pan-Armênios, evento que reúne as comunidades armênias espalhadas pelo mundo. Ficou amigo dos brasileiros e acabou acolhido pela família de um deles em São Paulo, em janeiro de 2012.
Atleta da luta greco-romana, ele obteve o passaporte brasileiro em janeiro, mas ainda não esteve com a situação esportiva regularizada junto à federação internacional. Em Las Vegas, fará a sua primeira competição internacional defendendo o Brasil.
A Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA) garante que não interferiu a favor de Soghomonyam na obtenção do passaporte, ainda que tenha acolhido o lutador, diversas vezes convocado para treinar com a seleção. Atleta de da categoria até 130 quilos, o armênio ocupa o espaço que seria do garoto Ramilo Paz, de 20 anos, campeão pan-americano júnior de 2012 e principal revelação da luta brasileira.
Soghomonyan não é o único imigrante que defende seleções brasileiras em modalidades olímpicas. Há também casos como do cubano Ives González (do polo aquático), a chinesa Gui Lin (do tênis de mesa) e o norte-americano Larry Taylor (do basquete).
MUNDIAL – O Brasil disputa o Mundial a partir desta segunda-feira com 17 atletas. Os seis primeiros de cada categoria de peso do programa olímpico garantem vaga para os Jogos do Rio. O País tem direito a quatro convites, por ser sede, e pode utilizá-los como bem entender.
Davi Albino, da categoria até 98kg da luta greco-romana, é a principal esperança para o fim de um tabu: nunca um brasileiro venceu uma luta greco-romana em Campeonatos Mundiais. Os atletas do País costumam ficar nas últimas posições, como foi o caso do próprio Davi, 32.º colocado no Mundial de 2009.
No feminino, o desempenho do Brasil é melhor, tanto que Aline Silva vai ao Mundial para defender a prata conquistada no ano passado. Desta vez a principal esperança é Joice Silva, primeira brasileira campeã dos Jogos Pan-Americanos. Na categoria até 53kg, a representante do País será Giullia Penalber, irmão de Victor Penalber, que foi bronze no Mundial de Judô.