A expansão da Copa do Mundo para 48 seleções abriu o caminho para que a China, a nova fronteira do futebol, se transforme na sede do evento em 2026 ou em 2030. Nos bastidores da Fifa, são as empresas chinesas que já formam filas para patrocinar a entidade e demonstrar que, se os cartolas optarem por Pequim, não faltará dinheiro para organizar o megaevento.

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Oficialmente, a Fifa insiste que o que está em vigor é uma regra de rotação entre os continentes que impediria que dois Mundiais pudessem ocorrer de forma sucessiva na Ásia. Em 2022, o torneio será disputado no Catar.

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Mas, com uma decisão marcada para ser tomada apenas em maio de 2020, os corredores da Fifa prometem ser tomados por lobistas nos próximos meses. A China foi o único país que, na nova administração de Gianni Infantino, chegou com um cheque para apoiar o novo presidente. A Wanda, uma semana depois da posse do suíço, desembarcou em Zurique e mostrou um cheque que deixou até os cartolas mais acostumados com altos valores calados.

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Tentando sair de sua pior crise de reputação, as finanças da entidade desabaram e parceiros como Castrol, Johnson & Johnson e a Continental romperam seus acordos comerciais com a Fifa. O resultado foi um déficit inédito em mais uma década para a entidade.

Outra empresa chinesa, a Alibaba, também desembarcou para ajudar a “nova Fifa” e aceitou patrocinar o Mundial de Clubes, no Japão. A gigante das vendas online ainda conta com uma base de dados de 500 milhões usuários para identificar que, cada vez mais, a busca é por material esportivo relacionado com o futebol. Para a empresa de e-commerce, a tendência registrada mostra claramente que, em termos de negócios, o futebol é o futuro do investimento.

Mas o objetivo chinês não é apenas o de apoiar Infantino e muitos são os dirigentes que indicam que os asiáticos vão cobrar de volta essa ajuda financeira. A sinalização de Pequim foi de que, se a Fifa se aproximasse dos mandarins asiáticos, o volume de dinheiro que entraria seria ainda maior. Mas, para isso, a Copa teria de se mudar para a China.

Fontes em Zurique confirmaram que Wang Jianlin, dono da Wanda e o homem mais rico da China, está “determinado” a levar a Copa ao país e atender a um pedido confidencial do presidente chinês, Xi Jinping.

De fato, por suas dimensões e poder financeiro, a China seria um dos poucos países no mundo que teriam a capacidade de, sozinhos, sediar 80 jogos em apenas um mês, em doze estádios novos e mais de 60 campos de treinamento.

Não por acaso, cartolas dos EUA, México e Canadá se apressam para fechar uma candidatura única para 2026 e mostrar que querem o evento, como estabelecem as regras. A Concacaf defende até mesmo que a data de escolha seja antecipada e que não se aguarde três anos mais para definir onde ocorrerá a Copa de 2026. Em Washington, todos sabem que, quanto mais tempo passar, maior será a influência chinesa dentro da Fifa.

SEDE – Pelas regras da entidade, a primeira Copa que Pequim poderia disputar como sede seria a de 2030. Mas aí os chineses terão de enfrentar outro obstáculo: Infantino havia prometido que o torneio que marca os 100 anos do Mundial seria realizado entre Uruguai e Argentina.

Mas esperar até 2034 para sediar um Mundial não faz parte dos planos chineses. Zhang Jian, vice-presidente da Associação Chinesa, deixou claro que “o sonho de todo chinês é de sediar a Copa, o mais rapidamente possível”.

Enquanto o Mundial não chega, a expansão da Copa para 48 seleções caiu como uma luva, garantindo para muitos o sonho da China participar de forma efetiva de um Mundial. A única participação dos chineses havia sido em 2002, com um desempenho medíocre.

Agora, a meta é de ter um papel diferente, depois de tanto investimento e de ter comprado US$ 2 bilhões em ações de clubes europeus. Em uma declaração em Pequim, a entidade que controla o esporte no país deixou claro que espera entrar em campo diante da expansão do Mundial. “A China terá mais chances com o crescimento da competição, podendo voltar aos grandes palcos esportivos”, anunciou o presidente da Associação Chinesa de Futebol, Cai Zhenhua. “O retorno da China à Copa deixe de ser apenas um sonho”, afirmou.

Mas enquanto os cartolas comemoraram, uma partida nesta semana em um torneio bancado pela Wanda mostrava ainda a distância entre a seleção da China e o resto do mundo. Apesar de ter uma população 4 mil vezes maior que a da Islândia, os chineses foram derrotados por 2 x 0 pelo país nórdico.