No ano em que Corinthians e Palmeiras celebram o centenário da maior rivalidade do futebol paulista, o último confronto entre os dois em 2017 promete ser um capítulo à altura da tradição. Mesmo faltando sete rodadas para o final do Campeonato Brasileiro e que outros times também tenham chances de título, o jogo deste domingo, no estádio Itaquerão, em São Paulo, às 17 horas, está com cara de final.
Esse caráter decisivo está apoiado em vários fatores. O primeiro é a posição dos dois na tabela de classificação. O Corinthians é líder com 59 pontos; o Palmeiras está cinco pontos atrás. Uma vitória da equipe alviverde pode, portanto, reduzir a distância para dois pontos. No início do segundo turno, ela já foi de 17.
A queda de rendimento do clube alvinegro, que viu o seu ataque empacar nos últimos jogos, e a ascensão técnica e tática do rival no mesmo período, após a troca do técnico Cuca pelo interino Alberto Valentim, reanimaram uma disputa pelo título que parecida morta e enterrada.
Para o corintiano Fábio Carille, a vitória neste domingo dá uma extraordinária força emocional, mas não define o dono da taça. “Independente do resultado, o campeonato vai continuar aberto. Se a gente não vencer, a chance do Palmeiras fica mais clara. Se vencermos, aumenta, mas nada definido”, afirmou o treinador. Pelo lado palmeirense, Alberto Valentim concorda. “Com a vitória de um ou outro, as coisas ficam mais claras, mas não acaba”, disse. Os dois usam um argumento simples para afirmar que a disputa está aberta: o Santos também está na parada.
O jogo também tem cara de final pela maneira como modificou a semana dos dois clubes. O Palmeiras fez dois treinos secretos ao longo da semana. Em um deles, nem a entrevista protocolar foi realizada. O objetivo foi garantir a privacidade e evitar declarações que pudessem ser utilizadas pelo rival como motivação. No caminho oposto, o Corinthians abriu o treino deste sábado para a torcida. Foi uma tentativa de provar que a Fiel está ao seu lado. Medida necessária considerando os muros pichados do Parque São Jorge após a derrota para a Ponte Preta.
Esse clima de tensão percorreu obviamente os torcedores. Os 43,5 mil ingressos colocados à venda estão esgotados desde a última quarta-feira. Permitir a ultrapassagem do arquirrival após um primeiro turno de invencibilidade é uma ideia que arrepia os corintianos. “Sabendo das dificuldades do ano, enquanto os adversários contrataram técnicos de nome e jogadores de nome, eles (torcedores corintianos) jogaram junto. Tenho certeza que estarão conosco os 90 minutos”, disse Fábio Carille.
GANGORRA – É preciso mais atenção ao momento dos dois. O Corinthians soma três derrotas e um empate nos últimos quatro jogos. Além de moer a vantagem de líder, a sequência abalou a confiança na estrutura tática. O treinador deve barrar o meia Jadson, o cérebro da equipe, mas que está em má fase. A ideia é buscar mais criatividade e dinamismo e a saída mais provável é Clayson. Os laterais, um dos diferenciais do time, com eficiência no apoio e segurança na defesa, também estão devendo. Fagner sofreu lesão no tornozelo e corre risco de ficar fora; Guilherme Arana perdeu a autoconfiança.
O Palmeiras está no céu. Nos últimos quatro jogos, soma três vitórias e um empate. O período coincide com a chegada de Alberto Valentim, interino detalhista e estudioso que arrumou a defesa seguindo o que aprendeu nos 10 anos que atuou na Itália. No ataque, trocou a ligação direta de Cuca pela bola no chão, aproveitando melhor a qualidade técnica do elenco. O período tem sido tão vistoso que a diretoria cogita a permanência dele em 2018 – Mano Menezes era o preferido, mas decidiu ficar no Cruzeiro.