O último jogo da seleção brasileira no ano esteve longe de ser um grande espetáculo, mas o time encerrou 2013 do jeito que Luiz Felipe Scolari gosta: com vitória. Em Toronto, o Brasil derrotou o Chile por 2 a 1, em seu penúltimo amistoso antes da convocação para a Copa do Mundo, e alguns jogadores terminaram a jornada seguros de que se aproximaram muito do Mundial. Especialmente Robinho, autor do gol da vitória.
Jorge Sampaoli, o inventivo argentino que comanda a seleção do Chile, decidiu apostar em uma linha de três zagueiros e deu com os burros n’água. A defesa chilena estava uma bagunça, cometendo erros grosseiros na saída de bola. Bastava à seleção apertar um pouco a marcação para fazer o seu gol e foi o que ocorreu.
Acossado por Jô, o flamenguista Marcos González – que é reserva no time carioca, não sem motivo – entregou a bola de presente para Oscar e ele encontrou Hulk livre. O corpulento atacante não teve muito trabalho para soltar um chute cruzado que deixou sem ação o goleiro Bravo.
O Brasil teve mais uma ou duas chances de gol até que Jorge Sampaoli decidiu arrumar a casa, introduzindo Valdivia na partida e mudando a sua defesa para uma linha de quatro jogadores. Coisa simples e que costuma funcionar. E funcionou.
O meia do Palmeiras não mostrou um futebol deslumbrante, mas sua presença serviu para que o Chile conservasse a bola em seu poder, jogando perto do gol brasileiro. Ao time de Felipão sobrou o papel de contragolpear, coisa que não o incomoda nem um pouco.
O maior problema do Brasil no primeiro tempo foi a falta de Neymar. O craque do Barcelona estava no horroroso campo do Rodgers Centre, mas errava tudo o que tentava. Passes, dribles, tudo. Quando Neymar está mal, a seleção brasileira se torna um time bem pior.
A preguiça que tomou conta da seleção na reta final do primeiro tempo foi abandonada nos minutos iniciais do segundo e isso bastou para colocar o Chile em problemas. Mesmo com um Neymar ainda opaco, o Brasil criou ótimas chances – a melhor delas foi um chute de Hulk da entrada da área que quase derrubou a trave. A quantidade de passes errados pelos chilenos nas imediações de sua área era algo realmente assustador.
Não tardou, no entanto, para a seleção brasileira voltar à letargia, como se o jogo já estivesse ganho. Não estava. Mesmo sem ser brilhante, longe disso, o Chile empatou graças a uma falha da defesa brasileira, normalmente segura. Thiago Silva perdeu uma disputa pelo alto para Beausejour e a bola sobrou para Vargas. O atacante do Grêmio aproveitou o enorme espaço que David Luiz lhe deu e marcou com um chute colocado.
O gol foi a senha para o Brasil voltar a acelerar – e a liderar o placar. Uma bola cruzada por Maicon encontrou a cabeça de Robinho, que entrou no segundo tempo, e o jogador do Milan fez o gol da vitória da seleção. E a turma de Felipão deixou no ar a nítida sensação de que, ainda que não jogue bem, consegue ganhar do Chile sem precisar fazer muito esforço.
O amistoso desta terça fechou um ano vitorioso para o Brasil em sua preparação para a Copa. Na única competição oficial disputada, o título da Copa das Confederações veio de forma mais do que convincente. Com um belo futebol, ganhou as cinco partidas que disputou, incluindo uma memorável e arrasadora vitória por 3 a 0 na grande decisão sobre a campeã mundial e bi europeia Espanha, em um ensandecido estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
No total, a seleção jogou 19 vezes em 2013. Felipão reestreou justamente na primeira partida deste ano – uma derrota por 2 a 1 para a Inglaterra, no estádio de Wembley, em Londres. Desde então, o time brasileiro só perdeu outra vez para a Suíça, em amistoso disputado em agosto. Com um ataque arrasador, comandado por Neymar, foram 13 vitórias e quatro empates, com 49 gols marcados e apenas 15 sofridos.
Agora, a seleção volta a campo somente no dia 5 de março em um amistoso contra a Áfri,ca do Sul, em Johannesburgo. Depois, já com os 23 jogadores que disputarão a Copa, o time joga dois amistosos preparatórios, já em território brasileiro, nos dias 4 e 7 de junho. A estreia no Mundial, na Arena Corinthians, em São Paulo, será no dia 12.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 2 x 1 CHILE
BRASIL – Julio Cesar; Maicon, Thiago Silva (Dante), David Luiz e Maxwell; Luiz Gustavo, Paulinho (Hernanes), Oscar (Willian) e Hulk (Ramires); Jô (Robinho) e Neymar (Lucas Leiva). Técnico: Luiz Felipe Scolari.
CHILE – Bravo; Jara, Medel, González e Mena; Carmona, Marcelo Díaz (Beausejour) e Gutiérrez (Muñoz); Vargas, Alexis Sánchez e Fuenzalida (Valdivia)(Matías Fernández). Técnico: Jorge Sampaoli.
GOLS – Hulk, aos 13 minutos do primeiro tempo; Vargas, aos 25, e Robinho, aos 33 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Paulinho e Robinho (Brasil); Medel e Beausejour (Chile).
ÁRBITRO – Silviu Petrescu (Fifa/Canadá).
RENDA E PÚBLICO – Não disponíveis.
LOCAL – Estádio Rodgers Centre, em Toronto (Canadá).