Durante 25 anos, São Paulo e Rogério Ceni caminharam lado a lado em uma trajetória de 1.237 jogos, 131 gols e 25 títulos. Neste domingo, porém, o torcedor tricolor não torcerá pelo maior ídolo do clube. A equipe do Morumbi visita o Fortaleza, comandado por Ceni, às 19 horas, no Castelão, pela quarta rodada do Brasileirão.

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Será a primeira vez que São Paulo e Rogério Ceni ficarão de lados opostos. O reencontro mobilizou torcedores – cerca de 200 vão encarar seis dias de viagem de ônibus para ir até Fortaleza – e tornou-se o principal assunto nos dois clubes.

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No São Paulo, logo após o empate com o Flamengo no domingo passado, os jogadores já começaram a projetar o confronto com o time de Ceni. O meio-campista Hernanes, que atuou com o ex-goleiro, classificou o encontro como “histórico”.

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“Vai ser um encontro interessante, vamos dizer histórico. Mas, quando a bola rolar, as coisas que aconteceram no passado, tudo fica fora, o que importa é quando a bola rola. Vai ser muito falado, mas quando o jogo começar cada um vai brigar pelos três pontos”, disse Hernanes, que teve o discurso endossado pelo goleiro Tiago Volpi.

“A gente espera que seja muito difícil, pelo bom trabalho que o Rogério tem feito no Fortaleza. Tem um sentimento especial por tudo o que ele representa para o São Paulo até os dias de hoje. É bacana poder enfrentá-lo, espero que a gente possa sair vencedor”, afirmou Volpi, que, em 2015, quando Ceni se aposentou, postou uma foto ao lado do goleiro dizendo que foi um “grande sonho” enfrentá-lo.

No Fortaleza, o assunto foi evitado até a noite de quinta-feira, quando a equipe jogou contra o Botafogo-PB pela semifinal da Copa do Nordeste. Depois da classificação à final, Ceni falou que será “um privilégio” enfrentar o São Paulo.

“É um privilégio enfrentar quem me projetou. Tenho um carinho enorme, mas vou fazer o melhor pelo Fortaleza. Fico muito contente porque no São Paulo são 25 anos trabalhando, quase 1200 jogos, inúmeros títulos, mas isso requer tempo. Fico ainda mais feliz pelo reconhecimento do torcedor do Fortaleza nesse 17.º mês de trabalho. Ter esse carinho é muito importante. Para a gente é um prazer receber o São Paulo e agora vamos arrumar uma maneira de enfrentar uma grande equipe que é uma das favoritas ao título. Vamos ter que trabalhar pelo tricolor de aço, o azul, vermelho e branco”, declarou Ceni.

Se por um lado o reencontro mobilizou os torcedores dos dois times, que preparam uma grande festa para Ceni antes da partida no Castelão, o São Paulo não fará qualquer tipo de homenagem. Após o vitorioso currículo como jogador, Ceni iniciou a carreira de treinador no clube do Morumbi. A experiência, porém, durou apenas seis meses: foram 14 vitórias, 13 empates e dez derrotas (49,5% de aproveitamento) até ser demitido pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

Desde a demissão, Ceni e Leco trocaram farpas publicamente. O técnico disse que só voltaria ao São Paulo após o fim de 2020, quando acaba o mandato do presidente. Leco, por sua vez, disse que Raí é o maior ídolo da história do clube. Então foi a vez de Ceni responder dizendo que o dirigente deve “sentir saudades” dele.

“A gente não sabe o que acontece na vida, pela lógica é muito difícil. Mas ficará sempre o desejo de coisas boas para o São Paulo. Seria incoerente, quem sabe num futuro mais distante a gente possa voltar. Não vivo de sonho, sonhar é importante, mas vivo o futebol, gosto de trabalhar, estou feliz e satisfeito aqui. Voltar ao São Paulo um dia claro que é uma coisa muito bacana, mas agora temos que passar por um processo para, quem sabe, um dia voltar. Para mim, vai ser um momento muito gratificante. Por enquanto, é só o carinho e a admiração que ficam”, admitiu Ceni à ESPN Brasil em 2018.

Ceni e Leco não se reencontrarão neste domingo. O presidente não costuma viajar para os jogos fora de casa, algo que fica a cargo do executivo de futebol Raí e do superintendente de relações internacionais Lugano.