Santos – O meia Tcheco começou a viver nova fase em sua carreira profissional. Ele vestiu pela primeira vez a camisa do Santos, já com o logotipo da Panasonic, e disse que vai procurar um espaço no novo time, que pode ser como segundo volante, na vaga de Preto Casagrande, que foi para o Fluminense. Ele está parado desde o dia 3 do mês passado, aproveitando a primeira vez que tirou férias. "E vamos treinar bem, pois a pré-temporada é base de tudo durante o ano. Vai ser curta, mas temos de superar essa dificuldade."
Tcheco quis evitar polêmica, especialmente com o São Paulo, clube que começou antes a negociar sua transferência. Negou que tivesse assinado qualquer pré-contrato com o Tricolor e informou que as propostas eram idênticas em termos salariais. "Em nenhum momento fiz qualquer tipo de leilão e o maior interessado em voltar para o Brasil era eu", disse ele, comentando que teve dificuldade para conseguir a liberação porque o Al-Ittihad queria tê-lo no time para a disputa do mundial.
"Pela vida social que tinha no ano e meio que passei lá ficou bem difícil permanecer", comentou. Mas conseguiu a liberação diretamente com o presidente do clube, que não quis tratar do negócio com o São Paulo. "Ele (presidente) tratou com o Santos e estou muito feliz." Tcheco comentou que "o São Paulo teve sua oportunidade para me contratar e não conseguiu, e o Santos teve mais capacidade".
O meia ficará um ano na Vila Belmiro e terá a oportunidade de voltar a jogar ao lado de Ricardinho, amigo de infância. Os dois se conheceram jogando futebol de salão, seus pais também fizeram amizade. Do futsal, foram para o Paraná, jogando no juvenil, no júnior, chegando ao profissional em 97, onde foram tetracampeões paranaenses. Depois, cada um seguiu seu caminho e, antes de Tcheco fechar o contrato com o Santos, os dois conversaram bastante.
O que o jogador quer esquecer é os 18 meses que passou na Arábia Saudita. "Geralmente, o jogador vai para um clube árabe com contrato curto, de um ano no máximo, mas no meu caso o presidente saudita quis fazer de três anos e eu não tive escolha, porque pensei no lado financeiro, por causa de meu filho." Ele deixou o Coritiba quando o time iria participar da Libertadores.
No Al-Ittihad, Tcheco não teve problemas dentro de campo, mas a vida que levou era muito complicada. Ele explica: "não entendia nada do que passava na TV, não tinha acesso à TV brasileira, o governo bloqueava muitos assuntos, a Internet era bloqueada e não tinha lazer". Ele morava em Jedá, uma cidade litorânea, e não podia tomar banho. "Praticamente, não dava para fazer nada." No começo, havia a novidade, "mas depois vai passando o tempo e não tem o que fazer".
Com isso, ele e a família foram se fechando. "Principalmente do lado da mulher, era muito difícil, pois elas não podem dirigir, só podem trabalhar em hospital." Quando viajava, sua mulher e sua mãe tinham de ficar fechadas. "Elas se deprimiram, voltaram para o Brasil e aí meu pai deixou tudo aqui para ficar comigo lá." Sem isso, garante, teria sido muito pior, conclui.