Valquir Aureliano
Alan Bahia foi o exemplo de
raça. Neste lance ele apareceu
na cara do goleiro Diego.

No retorno de Dagoberto ao time, após longa ausência de mais de 70 dias, e na reestréia do técnico Vadão, o Atlético venceu o Flamengo por 1 a 0 e carimbou a faixa de campeão da Copa do Brasil do adversário, ontem à tarde, no Estádio Joaquim Américo, em Curitiba.

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O gol solitário foi marcado pelo colombiano Ferreira, aos 22 minutos do segundo tempo. O Furacão, que não vencia desde a interrupção para a disputa da Copa do Mundo, no início de junho, chegou aos 17 pontos e assumiu a 11.ª colocação.

Mal posicionado em campo e demonstrando ansiedade e um certo nervosismo na tentativa de acertar as jogadas, os atleticanos não fizeram um bom primeiro tempo e foram dominados pelo rubro-negro carioca.

Nos primeiros 20 minutos, o Flamengo teve nada menos que três chances claras de abrir o marcador. Logo aos seis minutos, o lateral-esquerdo Juan arriscou um chute da entrada da grande área, que passou rente ao travessão, assustando Cléber. Dois minutos depois, Obina tocou para Renato arrematar e o goleiro atleticano defender firme. Aos 18?, foi a vez do baiano Obina incomodar.

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O atacante se livrou da marcação e bateu para nova intervenção de Cléber. Pouco inspirado, o Atlético não conseguia encontrar espaço para trabalhar pelo meio-campo, congestionado pelo Flamengo no esquema 3-6-1 e explorando a boa movimentação de Obina e Renato pelos lados do campo.

O Furacão jogava recuado, com Dagoberto e Dênis Marques deixando o ataque para buscar a bola. O Atlético foi dar seu primeiro chute a gol somente aos 25 minutos. E a bola só não entrou porque o goleiro Diego pegou o chute à queima-roupa de Dênis Marques.

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Além de marcar bem, o Flamengo tocava a bola em velocidade, dificultando o combate dos donos da casa. Aos 37?, Léo Medeiros soltou uma bomba e acertou o travessão atleticano. Na seqüência, Renato cruzou da direita, Renato Silva cabeceou e o goleiro Cléber voltou a aparecer bem no jogo.

Depois de uma chacoalhada do técnico Vadão no intervalo, o Furacão voltou mais aceso para o segundo tempo. Porém, o Flamengo continuou bem postado, sem descuidar da marcação. E em dois lances, aos sete e aos 15 minutos, o time carioca só não fez o gol graças, novamente, a presença de Cléber, primeiro num chute de Léo Medeiros e depois na finalização de Obina.

O Atlético acordou e respondeu aos 19?. Cristian arriscou do meio da rua e acertou a trave esquerda de Diego. Mas os visitantes insistiram no minuto seguinte, num chute de fora da área de Toró no canto direito, que Cléber espalmou. E bem ao seu estilo, o Furacão definiu o jogo num contra-ataque mortal, aos 22?. Dagoberto saiu com a bola dominada pela esquerda e fez um lançamento em profundidade para Ferreira, que teve calma para dominar a bola na grande área e tocar na saída de Diego.

O gol deu tranqüilidade ao Atlético, que melhorou quando Cristian passou a armar as jogadas e Ferreira ficou mais avançado. Pena que o Furacão não soube aproveitar o fato de ter um homem a mais em campo, a partir dos 34 minutos, quando o zagueiro Fernando foi expulso, para ampliar o marcador.

Apesar do placar magro, a impressão que se tem é de que sob o comando de Vadão, o Atlético deixou de ser um time apático para voltar a vibrar.

BRASILEIRO 2006 – SÉRIE A

14.ª RODADA

Atlético-PR 1 x 0 Flamengo

Atlético-PR

Cléber; Danilo, João Leonardo e Marcelo Silva (André Rocha); Jancarlos, Alan Bahia, Cristian, Ferreira (Evandro) e Ivan; Denis Marques e Dagoberto (Fabrício). T: Osvaldo Alvarez.

Flamengo

Diego; Renato Silva, Fernando e Paulinho; Léo Moura, Toró, Rodrigo Arroz, Léo Medeiros (Peralta), Renato e Juan; Obina. T: Ney Franco.

Gol: Ferreira, 22? do 1.ºT.

Cartões amarelos: Juan, Alan Bahia, Renato, Lé Medeiros, Cristian e Peralta

Cartão vermelho: Fernando

Renda: R$ 310.250,00

Público: 16.667 pagantes

Árbitro: Cléber Wellington Abade (SP)

Assistentes: Ana Paula Silva Oliveira (SP) e Gilberto Corrale (SP)

Local: Estádio Joaquim Américo, em Curitiba (PR)

Dagoberto provou que é imprescindível pro Atlético

Carlos Simon

O reencontro de Dagoberto com a torcida atleticana foi amistoso. Quase 80 dias depois de entrar em campo pela última vez, o atacante puxou a fila de jogadores na entrada no gramado e mostrou vontade em todos os lances, embora sua atuação tenha sido apenas razoável. Acabou ganhando elogios do técnico Vadão e aplausos do público quando foi substituído por Fabrício, a menos de dez minutos do final. ?A atuação foi acima das expectativas. Disse a ele para jogar 45 minutos ou 60 minutos, mas suportou bem e só saiu por opção tática. Criou belíssimas jogadas, inclusive a do gol?, elogiou o técnico. ?Para quem estava dois meses parado, fui bem?, disse o atacante, logo após deixar o gramado.

Vadão também distribuiu referências positivas à disposição da equipe no jogo. ?Mexemos taticamente em alguns pontos, mas o que determinou a vitória foi a vontade dos atletas. Minha função foi mais psicológica?, disse o treinador. O zagueiro Danilo concordou com o chefe. ?O que mais mudou foi o comportamento em campo. Ganhamos todas as divididas.

O time precisava disso?, disse o capitão rubro-negro. ?Toda a equipe foi guerreira?, completou o goleiro Cléber.

O treinador ressaltou também que o gol da vitória resultou de uma jogada treinada durante a semana. ?Pedi para o Ferreira penetrar quando os atacantes estivessem nas laterais. Era o modo de abrir a defesa do Flamengo. Apesar do breve período de treinamento, o time executou muito bem a ordem?, lembrou.

Vadão, porém, apontou alguns erros coletivos.

?O time precipitou-se no final, matando contra-ataques com passes errados. Também falhamos defensivamente, deixando o Flamengo entrar pelo meio. Mas são frutos da ansiedade da equipe, que estava pressionada a vencer e sabia que a derrota a levaria à zona de rebaixamento. Resgatando a confiança, daqui pra frente estas imperfeições serão corrigidas?, falou o treinador.

O Rubro-Negro volta a campo no próximo sábado, às 18h10, quando enfrenta o lanterna Corinthians em São Paulo. O zagueiro Alex, que estava suspenso, e os jogadores contratados do Exterior – o goleiro Navarro Montoya, o zagueiro César e o lateral-esquerdo Michel -poderão ser escalados.

Punição

A confusão causada pela torcida do Grêmio durante o clássico com o Internacional, ontem, no Beira-Rio, pode ajudar o Atlético. O tricolor gaúcho, que recebe em casa o Furacão em 13 de agosto, pela 16.ª rodada, deve perder mando de campo em um ou mais jogos. Se o julgamento ocorrer na semana que vem, a partida seria disputada com portões fechados.