No primeiro treino da seleção Ronaldinho rouba o show

Weggis – Ronaldo, Kaká, Dida, Cafu e Roberto Carlos passaram quase despercebidos ontem em Weggis. Não que sejam desconhecidos – muito pelo contrário -, mas acabaram ofuscados pelo brilho de Ronaldinho Gaúcho. O craque do Barcelona monopolizou as atenções no primeiro treino aberto ao público da seleção brasileira na preparação para a Copa do Mundo.

Ronaldinho Gaúcho foi um dos últimos a pisar no campo.

E assim que apareceu, o público o aplaudiu. De pé. As crianças eram as mais entusiasmadas.

E iam ao delírio quando o atleta tocava na bola. Mesmo que fosse para fazer uma jogada simples, sem sofisticação. Um passe seu, por exemplo, recebeu muito mais aplausos do que os gols feitos por Adriano. Ou do que um drible de Roberto Carlos.

?É gostoso esse carinho, procuro retribuí-lo sempre?, afirmou o jogador, eleito o melhor do mundo nas últimas duas temporadas e protagonista do Barcelona na conquista do título espanhol e da Liga dos Campeões da Europa.

Desgaste

Ronaldinho está com o nível de desgaste um pouco acima da média do grupo. Foi, afinal, o último a encerrar a temporada de clubes. Na semana passada, defendeu o Barcelona contra o Arsenal, em Paris, na final da Liga dos Campeões. Por isso, deve ser poupado em alguns treinos. Além dele, Ronaldo e Cafu, que não estão 100% fisicamente, receberão tratamento especial. Só que de forma diferente: terão de treinar mais.

Weggis viveu dia de festa ontem. Parecia dia de jogo. Havia cambistas, dezenas de barracas com lanches e camisetas para vender, samba e pagode. O treinamento brasileiro atraiu cerca de 5 mil pessoas ao estádio. E muita gente ficou de fora. Alguns recorreram aos morros próximos do campo. Outros subiram em telhados de casas vizinhas ao local. Mas todos se divertiram. E com educação.

Tranqüilidade

Pelo menos no primeiro dia não ocorreu o que o técnico Carlos Alberto Parreira temia.

As pessoas se comportaram bem e não prejudicaram em nenhum momento a atividade da seleção. Nas arquibancadas havia brasileiros, mas muitos suíços também. Antes do início, 50 policiais fizeram rigorosa revista no local, verificando até a possível existência de bombas. Não havia nenhuma.

Em uma casa nas redondezas, uma pequena provocação. Seus moradores colocaram a bandeira da Croácia, primeira adversária do Brasil na Copa do Mundo – no dia 13 de junho, em Berlim.

Futebol, caipirinha, feijoada e samba na Suíça

Danielle de Sisti

Ronaldinho Gaúcho deve ficar mesmo no imaginário de uma geração de suíços que começa agora a conhecer a paixão do futebol. Pelo menos é o que ficou claro ontem, durante o primeiro treino da seleção brasileira, na pequena Weggis, cidade de 4 mil habitantes situada no centro da Suíça.

O jogador foi o mais ovacionado pelo público infantil, em meio às quase 5 mil pessoas que assistiram ao treino, confirmando a suspeita de que esta é a copa do Ronaldinho. Moradores da cidade acreditam que, por conta do favoritismo do jogador, o apartamento do número 10 da seleção no Park Hotel Weggis deve ser o mais valorizado no leilão do site www.ebay.com.

O site está intermediando o leilão de estadas, tendo como lance mínimo 110 francos (cerca de R$ 200) para quem quiser ser o primeiro a ficar num apartamento de uma das estrelas da copa.

Na esteira da seleção, o Brasil, como um todo, virou moda no centro da Suíça.

Camisetas, sandálias de dedo, shorts, tudo que tem o país como motivo, está sendo vendido ?como água? e usado pelos suíços com orgulho.

A brasileira Patrícia Ferreira, que mora em Zurique há 7 anos e está com uma barraca na Vila do Futebol, comemora a venda de mais de mil caipirinhas, a 12 francos cada (R$ 22,8). ?Eles já conhecem a caipirinha faz tempo porque a bebida é sempre vendida nas festas de rua de latinos na Suíça?, diz Patrícia.

A empresária Marta Pitanguy montou na vila uma extensão de sua loja da Basiléia. Está faturando com a venda de churrasco e cerveja brasileira, um sucesso, segundo ela. Os suíços compram cerveja long neck por 4 francos (R$ 7,6) e espetinho de picanha ?importada? a 12 francos (R$ 22,8). Sacos de feijão, farofa e pão de queijo fazem a alegria dos brasileiros que moram há anos na Suíça e também dos suíços, que estão curiosos com a cultura brasileira. Além das guloseimas, ela vende camisetas a partir de 29 francos (R$ 56,1), sendo que a oficial custa 99 francos (R$ 188,1). ?Para eles é um orgulho usar roupas com as cores do Brasil. Eles gostam de tudo que é do Brasil?, diz.

O orgulho é confirmado pelo prefeito Kaspar Widmer que, na brochura de divulgação da cidade, faz uma alusão à sorte da cidade em sediar o ?grande evento?. ?É uma grande honra receber os jogadores do Brasil. É a sorte verde-e-amarela para a Suíça?, diz o prefeito.

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