Para qualquer outro, seria apenas uma sessão de exercícios com três companheiros lesionados, mas para Breno esta segunda-feira teve gigantesco valor emocional. Dois anos e meio após atingir o fundo do poço na Alemanha, indo parar na cadeia por ter incendiado a própria casa, o zagueiro finalmente deu o seu primeiro passo para voltar a ser um atleta profissional.

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Ao lado de Rodrigo Caio, Lucão e do recém-contratado Daniel, ele fez atividades de reforço muscular e condicionamento. É impossível, no entanto, estipular uma data de retorno: antes de tudo, Breno precisará “reaprender” a ser um jogador de alto rendimento. Isso indica que, além do pesado trabalho físico, terá de mostrar qualidade nos treinos para que voltar a vestir a camisa tricolor em um jogo seja um sonho realizado.

A diretoria sempre tratou o caso com cautela e está de acordo com o planejamento traçado. Breno não sofrerá pressão para acelerar os passos e só jogará quando se sentir plenamente à vontade. Para auxiliá-lo fora das quatro linhas, a psicóloga do clube já foi incumbida de orientar Breno naquilo que os dirigentes chamam de “ressocialização”. Espera-se que o processo seja difícil.

A aposta é que a volta ao clube que o formou e de muitos profissionais de sua época ainda fazerem parte do São Paulo o ajudem na recuperação. “Foi gostoso rever o pessoal porque esse carinho deles me deu ainda mais motivação. Não vejo a hora de reencontrar todos os meus companheiros e o pessoal da comissão técnica. Eu me senti muito bem neste primeiro dia e, por isso, posso dizer que foi um momento maravilhoso”, disse ao site oficial do clube.

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Quem já teve contato com o jogador diz que ele está visivelmente animado e preparado para retomar a carreira, embora saiba que deverá enfrentar dificuldades. Por enquanto, está evitando entrevistas, mas cogita dar uma coletiva de imprensa na semana que vem.

INFERNO – Breno despontou no Morumbi em 2007 e foi eleito o melhor zagueiro e a revelação do Campeonato Brasileiro daquele ano, quando o time tricolor faturou o pentacampeonato nacional levando apenas 19 gols em 38 jogos. Foi vendido para o Bayern de Munique, onde sofreu uma série de lesões graves e entrou em depressão.

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Em setembro de 2011, um incêndio tomou conta de sua casa em Munique. Breno acabou considerado culpado pelo incidente e condenado a três anos e nove meses de prisão em julho do ano seguinte. Por bom comportamento, conseguiu primeiro o regime semiaberto e, depois, viu a Justiça determinar que fosse solto após cumprir dois terços da pena. Saiu da cadeia no fim de dezembro e voltou ao Brasil para passar as festas.

Neste período, foi contratado pelo São Paulo como forma de ajudá-lo a retomar a vida. O vínculo vai até 7 de outubro, mas pode ser prorrogado. Isso, porém, ainda é uma questão menor para Breno, algo muito distante para alguém que até o mês passado cumpria pena na Alemanha. Por enquanto, ele engatinha no sonho de voltar a jogar, mas, mesmo diante de tantos desafios e incertezas, não se deixa abater. “Comecei o treinamento e sei a importância de seguir a programação passo a passo porque quero muito estar em campo em breve e fazer aquilo de que mais gosto: jogar bola”.