São Paulo – "O jogador brasileiro é desvalorizado pelos clubes. Isso não condiz com a nossa qualidade e potencial. Nós, brasileiros, somos os melhores do mundo, mas precisamos ser mais valorizados. Não sei de quem é a culpa." A afirmação do meia Diego, do Porto, durante o lançamento de seu site oficial www.diego10.com.br, retrata um pouco da indignação dos atletas brasileiros diante da fortuna que a parceria Corinthians/MSI gastou (cerca de US$ 20 milhões) para tirar o atacante Tevez do Boca Juniors.
Diego pode se incluir na lista das revelações do futebol brasileiro que, na hora de ser negociado com o futebol europeu, tem de aceitar os valores oferecidos, sem nem poder reclamar. Na metade deste ano, ele foi negociado com o Porto por cerca de 7 milhões de dólares (R$ 20 milhões).
Mais recentemente, foi a vez do atacante Luís Fabiano trocar o São Paulo pelo Porto por pouco mais do que esse valor. Ano passado, o Milan desembolsou uma ‘merreca’ para contratar Kaká do São Paulo. "Temos de reconhecer o mérito dos argentinos. A gente sabe que no Brasil há jogadores que valem o mesmo, mas nenhum clube quer pagar. Acabam não sendo valorizados. Por isso, temos que aprender com os argentinos", afirmou.
Diego reconhece que o destino do amigo Robinho será o mesmo: a Europa. "Uma hora ou outra será inevitável a saída do Robinho. Mas eu nem me imagino jogando contra ele. Mas no futebol, você está sujeito a isso. Fora de campo, continuamos muito amigos, mas dentro de campo, seria complicado."
Em seis meses de Porto, Diego já conquistou um importante título: o do Mundial Interclubes, contra o Once Caldas, algoz do Santos na Libertadores da América. "Era um sonho que se realizou. Quando era garoto via o Raí pela tevê e sempre sonhava em disputar aquele jogo no Japão. O Santos fez tudo para chegar lá, mas não conseguiu. É um título muito importante para mim", disse.
A lembrança da partida no Japão só não é melhor porque Diego foi expulso durante as cobranças de pênalti, depois de discutir com o goleiro Henao. "Ele já tinha me provocado quando eu estava no Santos e continuou falando agora contra o Porto. Aquilo que fiz foi um desabafo, coisa de futebol. Não guardo rancor nenhum", assegurou o jogador. "O que falei pra ele? Ah, desejei feliz Natal para ele e toda a família", brincou.
O desabafo, porém, custou caro ao meia. Ele ficará de fora do jogo de ida das oitavas-de-final da Copa dos Campeões, contra a Inter de Milão, em Portugal. "Esse campeonato é diferente de tudo o que já vi. É um torneio de altíssimo nível e muito difícil. Sofremos bastante para conseguir a classificação na primeira fase e, agora, teremos um confronto muito complicado com a Inter", analisou.
O futuro na Seleção, segundo ele, está diretamente relacionado ao seu desempenho no meio-de-campo do Porto. "Esse foi sempre o meu objetivo. Desde que eu tinha 15 anos. Já passei por todas as categorias e todos que estão lá, conhecem o meu futebol", ressaltou.