Danilo foi uma das 71 vítimas que estava no voo da Lamia, que levava a delegação da Chapecoense e jornalistas e caiu na Colômbia exatamente há um mês. Segundo relatos, o goleiro foi encontrado vivo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do hospital. Um desencontro de informações naquele trágico 29 de novembro, até que chegou a infeliz confirmação.
Aos 31 anos, o arqueiro vivia o auge da carreira. Natural de Jussara, no interior do Paraná, fez quase toda a carreira no Estado. Começou no Cianorte, passando por Engenheiro Beltrão, Nacional, Paranavaí, Operário, Arapongas e Londrina, até ir para Chapecó, em 2013. Mas foi em 2016 que ele se tornou conhecido nacionalmente.
Titular absoluto da equipe sensação da temporada, Danilo se tornou um paredão e responsável por muitos pontos da Chape no Brasileirão e nas classificações na Sul-Americana. O ano, aliás, já começou positivo com o título estadual e terminando com a segunda melhor defesa, com 18 gols sofridos em 20 jogos, atrás apenas do Figueirense, que levou 16 em 18 partidas.
No Campeonato Brasileiro, fez ótimas partidas. Logo na primeira rodada, já deixou seu cartão de visita ao pegar um pênalti no empate em 0x0 da Chapecoense com o Internacional, em pleno Beira-Rio. Aliás, pênaltis foram especialidades de Danilo. Pegou outro que também garantiu mais um 0x0 fora de casa, desta vez contra o Cruzeiro, em um duelo onde brilhou também. Mas talvez um dos jogos mais marcantes neste ano foi na vitória por 1×0 sobre o Coritiba, quando fez pelo menos quatro grandes defesas. Assim como fechou o gol contra Fluminense, São Paulo e tantos outros jogos.
Mas, sem dúvida, na memória de todos, principalmente os nãos torcedores da Chape, ficarão os momentos da Copa Sul-Americana. Primeiro nas oitavas de final, contra o Independiente, da Argentina. Naquele dia, Danilo virou ídolo definitivamente. Depois de um 0x0 na ida e na volta, a disputa pela classificação para as quartas de final foi para os pênaltis. Alí, o camisa 1 foi decisivo.
Thiego e Cléber Santana erraram as duas primeiras cobranças, mas Danilo pegou a primeira e a terceira batidas dos argentinos, deixando tudo igual e indo para as cobranças alternadas. Gil parou nas mãos do goleiro adversário e se o Independiente marcasse, o sonho acabava. Porém, Danilo foi buscar o chute de Sánchez Miño. Em seguida, gol para os dois lados. Na oitava cobrança, Tiaguinho fez o dele e Danilo voou para pegar a bola de Tagliafico e sair comemorando.
Depois de passar pelo Junior Barranquilla, da Colômbia, novamente um time argentino pelo caminho, o São Lorenzo, do papa Francisco. Só que o santo do confronto foi Danilo. Após o empate em 1×1 fora de casa, bastava um 0x0 na Arena Condá para a tão sonhada final chegar. E foi isso que aconteceu, graças ao milagre de São Danilo. O milagre do espírito de Condá, eternizado na voz de Deva Pascovicci. Uma defesa com o pé, a queima-roupa, aos 49 do segundo tempo. Uma defesa complicada, mas que foi minimizada pelo jogador.
“Era o último lance do jogo, tudo poderia acontecer. Foi um lance muito rápido. No momento, achei que ia tomar o gol, porque estava muito próximo. A minha felicidade é que ele não chutou muito forte. Não foi uma defesa com grau altíssimo de dificuldade. Mas foi uma defesa importante, uma das mais importantes da minha carreira”, disse ele, ao Sportv, no dia seguinte.
Foi o desfecho de uma temporada que foi interrompida antes do capítulo final. O que aconteceria na decisão ninguém jamais saberá, mas 2016 foi um ano em que Danilo mostrou todo seu potencial e simplicidade, e que deixou como imagem final a de um ídolo, que se tornou lenda de um clube
Dona Ilaídes
E falar de Danilo atualmente é, automaticamente, relembrar de Dona Ilaídes, a mãe do goleiro, que emocionou a todos ao mostrar uma força enorme para lidar com a perda, ao mesmo tempo em que consolava todos os outros pela mesma perda. A imagem dela abraçando o repórter Guido Nunes, do Sportv, resume a família, que para sempre ficará marcada em Chapecó.