Opinião da Tribuna

Ninguém tá cantando de galo antes dos jogos decisivos

Há uns tempos, jogadores e técnicos eram bem mais “boca aberta” – ou mais autênticos. Falavam o que vinha na cabeça, manifestavam irritação ou empolgação ao menor estímulo, agitavam as partidas a semana toda. Com a modernização do futebol, isso foi ficando para trás. Hoje o normal são as declarações quase iguais de todo mundo, reflexo de uma organização (lado bom) que padronizou as entrevistas (lado ruim).

Mas não é apenas isso que faz com que J. Malucelli, Coritiba e Paraná Clube estejam a todo momento falando que não têm nada ganho nas séries contra PSTC, Toledo e Foz. É porque o histórico recente do Campeonato Paranaense não permite que a turma da capital cante de galo.

Lembrei disso ao conversar com um histórico personagem do nosso futebol. Ele disse que às vezes é precisar fazer jogadores e técnicos aprenderem “no tranco” a ter mais seriedade. E lembrávamos que, nos últimos anos, times da capital iam para jogos decisivos fazendo da véspera da partida uma festa, onde o que menos se pensava era no resultado. Deu no que deu – dois títulos seguidos do interior, Paraná há oito anos sem ir para uma semifinal, Atlético fracassando nos campeonatos recentes, Coritiba sendo atropelado em final.

Por isso tá todo mundo pianinho. Mesmo o J. Malucelli – que por campanha, rendimento e vantagem para o PSTC, já poderia até se dar como classificado para as semifinais. Mas, como favorito, foi eliminado por Londrina e Foz nos últimos anos, e decidindo em casa, como será neste sábado (9).

Paraná e Coritiba vão na mesma toada. O Paraná até porque não terá o time completo neste domingo (10) contra o Foz – fruto do desgaste e das contusões na partida da Copa do Brasil contra o Estanciano. E isso com a vantagem de ter vencido por 3×0 fora de casa. O Coritiba tem um gol a menos de frente, venceu o Toledo por 2×0. Mas da mesma forma não entra na onda do “já ganhou”. Gilson Kleina revelou que todo dia conversa com os jogadores para que eles entendam que é preciso respeitar o Toledo.

Muita conversa? Talvez. O certo é que o trio da capital tem uma vantagem bastante considerável. Reviravoltas, por mais que sejam possíveis, serão tremendas surpresas. Mas é como diria o velho e cansado ditado – cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça.

Já na Arena…

Se faltava alguma declaração mais forte, ela veio com Thiago Heleno, bem no seu estilo zagueirão. “Eles têm que saber que o jogo vai ser uma guerra. Lá foi complicado, algumas coisas dentro de campo, alguns jogadores deles fizeram coisas desagradáveis”. Se faltava algo para agitar ainda mais o confronto, agora não falta.

O único jogo totalmente aberto das quartas de final vai ser realmente uma batalha. O Londrina gosta deste tipo de confronto, não vai se abalar com isso. E a fala de Thiago demonstra que pelo menos os jogadores mais experientes do Atlético (a base do time titular do Furacão) perceberam que será preciso competir além de jogar futebol neste domingo (10) na Arena da Baixada.

Jogando em casa e em um gramado em que está mais acostumado, o Furacão sai na frente na disputa. Mas de nada adianta a avaliação prévia se no campo as coisas não andarem. Por isso, que se preparem – os que vão à Arena ou os que vão acompanhar o jogo na RPC – para um grande duelo.

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