O anúncio dos brasileiros convocados para a Copa do Mundo deixou o País literalmente parado na tarde de ontem. Na televisão, rádio ou internet, todos queriam saber quem eram os escolhidos para representar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo da África do Sul. Em Bandeirantes, região norte do estado, não foi diferente. Afinal, um motivo em especial fez a festa na cidade: o atacante Nilmar, do Villareal-ESP, juntou-se ao também paranaense Kleberson e entrou na lista do técnico Dunga para o Mundial.
No posto de gasolina do irmão de Nilmar, cerca de 400 conterrâneos bandeirantenses conferiam os convocados em um telão. Todos foram à loucura quando o nome do jogador foi anunciado. “A emoção foi grande. Houve carreata com trio elétrico e em Bandeirantes só se fala nisso. É a primeira Copa dele. Até agora não caiu a ficha”, disse Fabrício Honorato da Silva, 27 anos, o irmão de Nilmar.
Ao lado dos pais de Nilmar, Nílson Honorato, 55 anos, e de Marisa Chimenes, 55, Fabrício não conteve a emoção. “E pensar que até pouco mais de dez anos ele jogava bola no campinho ao lado da escola Juvenal Mesquita. Era o campo do São Bento, onde tudo começou. De lá, ele tentou jogar no União, mas foi para o Matsubara com 13 anos. Nessa época, ele ainda ajudava meu pai trabalhando como garçom. E agora está convocado para a Copa. É um sonho pra família”, resumiu.
Ao vivo, para uma rádio da cidade, a Cabiúna, Nilmar agradeceu aos que foram às ruas comemorar. O jogador também prometeu visitar Bandeirantes, sua cidade natal, na próxima semana. “Esse último ano foi maravilhoso para mim na Seleção. Já avisei meu pai para pagar um churrasco para a galera. Tá tudo pago”, comemorou, também lembrando o futuro nascimento de sua filha Milena.
No Rio de Janeiro, quem também se emocionou foi o volante Kleberson. Natural de Uraí, norte do estado, o Xaropinho hoje atua no Flamengo, mas foi o primeiro paranaense a vencer a Copa, em 2002, como jogador de um time local – o Atlético.
Com a possibilidade de ser também o primeiro paranaense bicampeão do mundo, Kleberson foi protagonista de uma coletiva de imprensa na tarde de ontem. “Quando soube não consegui me conter e comecei a pular pela casa inteira. Estou eufórico e muito feliz. Diria que é um dos dias mais felizes da minha vida. Voltar à Seleção era um sonho e posso sentir o gosto de uma Copa do Mundo novamente perto”, revelou.
Kleberson contou como foi o momento em que soube da boa notícia. “Estava em casa abraçado com a minha esposa e com uma bíblia quando assistia a convocação. Quando meu nome apareceu na lista foi uma grande emoção, nós choramos muito e comemoramos”, afirmou.
Tradição
Nilmar e Kléberson mantêm uma tradição que vai se repetir pela oitava vez: a de paranaenses em Copas do Mundo. Quem desbravou o caminho foi o curitibano Patesko, que atuou nos mundiais de 1934 e 38. Quarenta anos depois, o também curitibano Dirceu Guimarães empalcou três Copas seguidas: 1974, 1978 e 1982. Belletti, Rogério Ceni, o próprio Kléberson e o paulistano “naturalizado” curitibano Ricardinho atuaram em 2002. Na Copa passada, em 2006, apenas Rogério Ceni, nascido em Pato Branco, esteve no Mundial.