Antes da entrega do Prêmio Laureus, em Berlim, Arsène Wenger, um dos técnicos mais conceituados do futebol europeu, comentou o retorno de Neymar ao Paris Saint-Germain na partida desta terça-feira, diante do Borussia, nas oitavas de final da Liga dos Campeões, às 17h (horário de Brasília). “Quando Neymar está em campo, ele é fantástico. O problema é que, quando março chega, ele nunca está lá”, disse o ex-técnico do Arsenal.

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A ironia do treinador francês resume a dúvida que paira sobre Neymar. Ele só esteve em um mata-mata importante de seu clube nas duas últimas temporadas. Ausente em 2018 e 2019 por conta de lesões, Neymar tenta fazer um ajuste de contas com seu passado recente. Em sua terceira temporada no clube francês, Neymar ainda não conseguiu colocar o PSG – nem ele próprio – em outro patamar. Ele tem sete jogos – considerando-se as oitavas de final, quartas, semi e uma eventual final – para se reafirmar.

Se conduzir o PSG ao título será certamente lembrado como um dos candidatos para o prêmio de melhor jogador do mundo. Sucesso. Em um ano sem Copa do Mundo, no qual as atuações pelos clubes contam muito, ele pode chegar forte à briga. Se fracassar, seu projeto de trocar o Barcelona pelo PSG para ser o melhor do mundo ficará pelo caminho mais uma vez. Fracasso. Obviamente o jogador contratado por 222 milhões de euros em 2017 ainda tem tempo, não se trata de vida e morte. Com 28 anos completados no dia 5 de fevereiro, ele terá mais chances pela frente de se recuperar. Mas é o retrospecto negativo, de ausências nos momentos decisivos, que torna o momento importante.

A história quase se repetiu pela terceira vez nesta temporada. Os franceses viveram dias de tensão com receio de que Neymar novamente fosse desfalque. Por causa de um problema na costela, o craque não atua desde o dia 1.º de fevereiro. Ele ficou fora dos últimos quatro jogos, diante do Nantes, Lyon e Amiens, pelo Campeonato Francês, e Dijon, pela Copa da França. Mas ele está na lista dos jogadores convocados para a partida na Alemanha. Desde o início da temporada, esta foi a terceira lesão de Neymar.

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Na disputa da Liga dos Campeões, o cenário é favorável para o time francês. Barcelona e Real Madrid não parecem imbatíveis. Juventus e Bayern não são dominantes nos torneios locais. O time a ser batido é, sem dúvida, o Liverpool, mas vai dividir as atenções com o Campeonato Inglês, sua obsessão na temporada. Questionado pelo site da Fifa se o PSG é o mais poderoso das últimas temporadas, Neymar se esquivou. “Eu não diria que o mais poderoso, mas percebo um ambiente diferente, como com mais confiança, e isso ajuda muito no dia a dia”, afirmou.

Wagner Ribeiro, empresário responsável pela carreira de Neymar durante vários anos, obviamente aposta na recuperação do craque. “O momento do auge de qualquer jogador é disputar uma Champions. Para o Neymar, contratado pelo maior valor pago em uma transferência, a responsabilidade é grande, mas ele sempre correspondeu. E cresce mais ainda em jogos decisivos.”

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Dentro de campo, Neymar voltou a ser protagonista. Nesta temporada, já são 13 gols e seis assistências em todas as competições. As boas atuações serviram para resgatar parte do prestígio perdido com a tentativa frustrada de se transferir para o Barcelona no início da temporada. Vale lembrar que ele começou jogando sob vaias e xingamentos. Ele vem sendo notícia pelo que faz como jogador não como celebridade. O retrospecto do brasileiro com o PSG na Liga dos Campeões enche os franceses de otimismo: são nove gols em 15 jogos e só três derrotas.

Mas houve um escorregão. De acordo com jornal francês L’Équipe, a festa de aniversário do craque aconteceu no dia 2 de fevereiro na casa noturna Yoyo, que fica no 16.° arrondissement de Paris. Trata-se de um clube moderno, que acolhe regularmente eventos musicais, culturais ou festas particulares e pode acomodar até 800 pessoas. O traje obrigatório era o branco. o diretor esportivo Leonardo, o técnico Thomas Tuchel e o presidente Nasser Al-Khelaïfi não estiveram presentes. Tuchel já havia dado a entender que não iria à festa, alegando que ela é “uma distração” e que “faz parecer que nós não somos sérios”.

Fontes ligadas à diretoria do clube afirmam que Leonardo fez um pacto com Neymar e pediu três meses de concentração, sem carnaval, para o time chegar à final.

LIGEIRO FAVORITISMO PARA OS FRANCESES – O time francês tenta superar o trauma das oitavas de final, barreira nos últimos três anos. Em 2017, o time caiu diante do Barcelona tomando uma virada histórica por 6 a 1 (o jogo de ida havia sido 4 a 0). No ano seguinte, duas derrotas para o Real Madrid. Em 2019, o PSG levou nova virada, agora diante do Manchester United.

Na temporada, o time chega embalado. Apesar do tropeço na última rodada do Campeonato Francês, o time está folgado na liderança. Diante do Amiens, time que está lutando contra o rebaixamento, o gigante parisiense teve grandes dificuldades, ficou duas vezes em desvantagem no marcador (2 a 0, 3 a 1), chegou a virar o placar, mas sofreu o gol de empate por 4 a 4. O tropeço não trouxe consequências em sua luta pelo título. A vantagem é de dez pontos em relação ao Olympique de Marselha, segundo colocado (62 a 52).

Na prática, o título nacional tem importância muito pequena para o PSG, cuja obsessão é a conquista do título da Champions. Na primeira fase, ficou na liderança do Grupo A com 16 pontos (cinco vitórias e um empate). Depois de ser poupado no empate por 4 a 4, Mbappé é retorno certo.

O Borussia Dortmund vive um momento de oscilações. O time caiu precocemente na Copa da Alemanha e se afastou da primeira colocação do Campeonato Alemão. A falta de regularidade tem comprometido os objetivos da temporada. “Precisamos de força para buscar a vitória, mas obviamente precisamos de atenção. O ataque do PSG tem enorme qualidade”, diz Sebastian Kehl, diretor de futebol.

O treinador Lucien Favre perdeu Julian Brandt e Marco Reus, o jogador mais criativo da equipe. Ele é peça fundamental da equipe e vinha sendo o arco para a flecha norueguesa Haaland, o atacante contratado pelo Dortmund na janela de transferências de inverno que fez uma gigantesca diferença na produção ofensiva. Ele fez dez gols em sete partidas. “É um desafio enfrentar um atleta que começou a carreira com tanto entusiasmo. Mas o PSG também está bem”, disse o capitão do PSG, Thiago Silva.

Mesmo sem Reus, o Dortmund obteve um resultado expressivo na última rodada pelo Campeonato Alemão. Em casa, o time goleou o Eintracht Frankfurt por 4 a 0, mantendo a terceira posição. Com 42 pontos, está quatro atrás do líder Bayern de Munique. O time ainda não perdeu em seu estádio no Campeonato Alemão.