Depois de ficar de fora dos dois primeiros jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo, devido a uma suspensão imposta pela Conmebol, o atacante Neymar está de volta à seleção brasileira. Junto com ele, a esperança de que o time apresente um melhor futebol. Mas, afinal, além da inquestionável habilidade e categoria individual, o que o camisa 10 do Brasil pode fazer coletivamente para ajudar a equipe como um todo?
Que Neymar será titular contra a Argentina não há dúvidas. O ponto de interrogação fica em quem sairá do time. A dúvida fica ainda maior pelo fato de o jogador do Barcelona pode jogar em qualquer função. A tendência é de que o atacante tenha total liberdade dentro de campo, ocupando todos os espaços, justamente para se movimentar bastante e para confundir a marcação do adversário.
Neste caso, o nome mais cotado para deixar o time titular é Oscar, que não tem jogado bem com a amarelinha e vem sendo bastante cobrado. Assim, Willian, Neymar e Douglas Costa formariam a trinca ofensiva, com mobilidade para revezar o posicionamento e atacar em velocidade. Com isso, o jogador do Barcelona pode atrair o marcador do seu setor e abrir espaço para um companheiro em melhor posição. A função tática de Neymar, além de decidir individualmente a jogada, é justamente essa: chamar a atenção da marcação para deslocar algum parceiro.
Plano B
Outra opção é manter Oscar e tirar Ricardo Oliveira. Assim, Neymar seria o homem de referência da seleção e Oscar poderia reforçar um pouco mais a marcação no meio-campo, por ter menos velocidade que os demais armadores. Nesta situação, o Brasil povoaria mais o seu setor de criação, pois o camisa 10 não ficaria fixo na área, vindo buscar mais o jogo.
Com isso, não haveria um atacante de ofício para preocupar a Argentina e um quarteto ofensivo seria criado, dando ainda mais liberdade para Neymar, que teria menos responsabilidade de se prender a um marcador e poderia ser uma válvula de escape para um companheiro com menos espaço para trabalhar a bola.
Atacante em ótima temporada
Os números de Neymar impressionam. Nos últimos oito jogos pelo Barcelona, ele marcou 10 gols. No Campeonato Espanhol, é o artilheiro isolado com 11 gols em 11 rodadas. Na Liga dos Campeões da Europa, foram mais dois gols. Mas não são apenas as estatísticas que chamam atenção. No último domingo, Neymar fez um gol antológico contra o Villarreal. De costas, deu um chapéu no seu marcador e, antes que a bola caísse no chão, bateu de primeira. O lance fez com que o atacante fosse comparado a Pelé pela imprensa europeia.
Desde a lesão de Messi, em setembro, Neymar assumiu o protagonismo do Barcelona. Para Dunga, inclusive, nesta temporada o brasileiro está à frente de Cristiano Ronaldo e Messi. “Se fizermos o ranking por número, estatística, o Neymar está mostrando um aproveitamento superior. O Messi está machucado e o Cristiano a gente tem expectativa de que repita o ano passado. Neymar tem crescimento constante desde que chegou ao Barcelona. Sem o Messi, tem correspondido à expectativa. Está num bom momento”, disse o treinador.
Cientes de que o Brasil é hoje um time que depende dos gols de Neymar, os outros jogadores do grupo trabalham para que o craque possa ter liberdade em campo. “Todo jogador que vem para a seleção brasileira tenta desempenhar o mesmo papel que faz no seu clube. Nem sempre é possível, mas a gente tenta conversar ,para que ele tente resolver o jogo lá na frente”, disse o volante Elias.