A vaga em uma das semifinais da Copa do Mundo tem grande chance de ser decidida por um camisa dez na partida desta sexta-feira em Fortaleza. De um lado estará Neymar, craque e artilheiro do Brasil. Do outro, James Rodríguez, craque da Colômbia e artilheiro da competição. Estilos e personalidades diferentes, mas a mesma vontade de escalar mais um degrau no Mundial.
Neymar é elétrico, impetuoso, gosta de partir para o drible e às vezes, verdade seja dita, exagera na tentativa de levantar o público com uma jogada de efeito. E é inegável que, pela falta de jogo coletivo, a seleção tem dependido muito de seu talento.
A pancadaria chilena no jogo de sábado o impediu de render como nas três partidas anteriores, mas mesmo assim ele esteve perto de fazer gol. E na hora dos pênaltis fez o que se espera do craque do time e colocou a bola na rede sem susto.
Na entrevista coletiva que deu em Teresópolis pouco antes da viagem para Fortaleza, na quarta-feira, Neymar tentou se desvincular do rótulo de salvador da pátria, e adotou o discurso de que o time não depende da sua inspiração para vencer. “Não quero ser o artilheiro nem o melhor jogador da Copa, quero é ser campeão. Se o time ganhar da Colômbia e eu não jogar nada, vou ficar feliz do mesmo jeito.”
GOLEADOR – James é o armador clássico, elegante e cerebral, mas nesta Copa se vestiu também de goleador – o que veio em boa hora para uma equipe que chegou ao Brasil abalada pela ausência do atacante Falcao Garcia. E apesar de ele ser o artilheiro do Mundial, a Colômbia não depende tanto de sua inspiração como o time de Felipão depende da de Neymar. Cuadrado é o rei das assistências, os laterais Zuñiga e Armero têm ajudado bem no apoio e os atacantes vêm jogando mais do que Fred.
O colombiano foi considerado pela Fifa o melhor jogador da competição na primeira fase, mas pelos insondáveis critérios da entidade perdeu essa condição para David Luiz depois da rodada das oitavas de final mesmo tendo jogado o que jogou contra o Uruguai – fez os dois gols da vitória, e um deles foi espetacular.
MATURIDADE – Depois do jogo no Maracanã, em seu último contato com a imprensa, James Rodríguez fez declarações protocolares sobre Neymar e a seleção brasileira. Disse que o atacante do Barcelona é um craque, mas que a Colômbia não pode se preocupar só com ele porque o Brasil tem outros grandes jogadores.
Além do talento e da capacidade de decidir partidas, o brasileiro e o colombiano têm em comum a precocidade. Ambos se tornaram estrelas muito cedo, e aos 22 anos (James Rodríguez fará 23 na véspera da final da Copa) já convivem com a responsabilidade de conduzir suas seleções.
“A experiência ajuda, mas é possível ser um grande jogador com pouca idade. Tanto eu como ele já passamos por muita coisa na carreira”, disse Neymar. Nesta sexta, um dos dois terá de sair do Mundial, o que empobrecerá a Copa. Mas antes farão um duelo imperdível.