Dois dos principais atletas da atualidade, Neymar (Paris Saint-Germain) e Stephen Curry (Golden State Warriors) dividiram uma entrevista ao site Players Tribune, plataforma que abre espaço para depoimentos e textos escritos por grandes astros de esporte, para a qual contaram detalhes de suas carreiras e vidas pessoais. No bate-papo, a dupla destacou sobre como se apaixonou por suas modalidades (futebol e basquete, respectivamente) e como competir com grandes superestrelas do esporte impactou para o crescimento de suas carreiras.
O atacante brasileiro elogiou Messi e Cristiano Ronaldo e destacou como a concorrência com dois dos principais nomes da história do futebol o ajudou: “Eu joguei com Messi, que é, para mim, um dos maiores no futebol. Ele é meu ídolo no futebol Com ele, eu aprendia todos os dias. Durante os treinos, ou jogando com ele, ou vendo ele jogar. E isso foi me fortalecendo acho que aumentando minha capacidade dentro de campo. Porque eu fui aprendendo muito com ele. Quanto ao Cristiano Ronaldo, ele é um monstro. Enfrentá-lo é uma honra e um prazer. Só que a gente tem que se preparar mais, porque um dos maiores do futebol, então, você fica mais esperto, mais ligado, mas ao mesmo tempo você vai aprendendo, também”.
Para completar, Neymar disse que se acha parecido com a dupla de astros. “São dois grandes caras, que eu me vejo parecido com eles, porque quero aprender, quero mais, quero ganhar. Quero buscar mais títulos, fazer mais gols, então, vou aprendendo a cada dia com eles, também.”
Para Curry, melhor jogador da NBA em duas oportunidades – 2015 e 2016, ser contemporâneo de nomes como LeBron James é fundamental para o manter no topo do esporte. “Quando você joga contra os gigantes e você joga contra pessoas que te estimulam ou que têm o que você possui antes e você os persegue, você quase é consumido por isso. Porque você sabe como é difícil chegar ao topo o trabalho mental que você coloca em prática”, enfatizou.
A dupla também contou o sentimento que envolve decidir uma grande competição, como a NBA e a Liga dos Campeões. “Quando você acorda, na manhã do seu primeiro treino para a final da NBA, você ainda tem seu coração ao elaborar qual é a diferença. Há uma vibração diferente no ar. A ansiedade e a adrenalina são diferentes. Você sabe que está tão perto do seu objetivo final que todo o resto diminui um pouco. O caos em torno dos treinos, em torno de viagens, do que te leva ao jogo é como se fosse uma centena de vezes mais louco do que é durante a temporada regular e o resto dos playoffs”, explicou o armador do Golden State Warriors.
“Acho que fiquei mais nervoso assistindo a final da NBA do que jogando a minha”, interrompeu Neymar. “Acho que a vibe de uma final da Liga dos Campeões, a concentração que você tem, é tudo um pouco diferente de qualquer jogo. Quando joguei minha primeira final da Liga dos Campeões lembro que, antes do jogo, eu estava muito nervoso, ansioso, mas depois que começa o jogo você relaxa porque você está focado, você sabe que está ali para isso. Então, é tudo mais natural.”
Com presença constante em jogos da NBA, o atacante revelou que teve medo de ficar com fama de “pé-frio” ao acompanhar as últimas finais da liga norte-americana de basquete. “Fui assistir ele jogar, sou muito fã dele, muito fã do Warriors. E fiquei nervoso com aquele jogo torcendo pra eles do que eu jogando uma final, que, para mim, é mais tranquilo. Como tinha sido minha primeira vez, com medo de eles perderem o jogo e eu ser o ‘pé-frio’, sabe?”.
LESÕES – Questionados sobre momentos que mais marcaram suas vidas esportivas e não poderiam faltar em um possível filme de suas jornadas, os dois atletas apontaram problemas com lesões. Neymar lembrou das contusões na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, quando foi atingido nas costas por Zuniga, e quando quebrou o quinto metatarso em jogo do Campeonato Francês, seis meses antes do Mundial da Rússia, em 2018.
“O primeiro quando eu machuquei minhas costas. Eu estava vivendo meu sonho, jogar a Copa do Mundo, e você se vê saindo de um sonho porque você se machucou. Para mim, tinha acabado tudo. Eu falei: “Pô, será que vou conseguir voltar?'”, disse.
“E o outro momento foi agora, quando eu tive a minha primeira operação, que foi do pé. Eu estava próximo de jogar uma Copa do Mundo, que eu não me via jogando, e meus familiares, minha namorada e meus amigos ficaram comigo. E eles me fizeram acreditar no meu sonho, que eu poderia chegar numa Copa do Mundo e disputar novamente. Acho que esses dois momentos são importantes para mim. Minha família e meus amigos foram muito importantes nesses momentos. Neste retorno”, concluiu.
Conhecido por seu bom humor e espontaneidade em quadra, Curry também chegou a questionar se conseguiria voltar ao basquete por conta de um problema no tornozelo. “Eu não sei o dia ao certo, mas foi no verão de 2012. Tinha acabado de fazer a segunda cirurgia no tornozelo. E eu estava sentado num sofá na minha sala de estar, em Charlotte. Éramos só eu e minha esposa lá. E eu não acho que ela já me ouviu dizer como duvidar de mim mesmo ou duvidar do processo de voltar de uma lesão. Porque sou uma pessoa tão otimista. Eu sempre vejo o copo meio cheio. Mas aquele momento realmente testou minha força mental para superar os dias difíceis naquele segundo verão de recuperação e não saber realmente qual seria o final”, revelou.