Dois dias depois da eliminação do Brasil na Copa do Mundo, numa goleada história por 7 a 1 para a Alemanha, Neymar foi à Granja Comary e se colocou diante dos repórteres para uma entrevista coletiva. Foi a primeira vez que o craque da seleção brasileira falou com a imprensa depois de sair de maca do gramado do Castelão, chorando, com uma lesão na vértebra lombar L3, sofrida durante a partida de quartas de final contra a Colômbia.
Perguntado se perdoaria o lateral-direito Zuñiga, que foi quem desferiu a joelhada na sua coluna, Neymar primeiro indicou que o colombiano foi para machucar. Depois, se emocionou ao lembrar que a lesão, que o tirou da Copa, poderia ser muito pior.
“Deus me abençoou naquele lance por ter machucado, se fosse dois centímetros para dentro eu hoje…”, dizia Neymar, quando começou a chorar. Enxugando as lágrimas, com longas pausas, continuou. “Eu poderia estar de cadeira de roda, né? É complicado falar de um lance num momento tão importante da minha carreira, o que eu ia acabar sofrendo”.
Já menos abalado, repetiu, para ele mesmo, o discurso que usou durante a coletiva inteira para tratar da derrota da seleção brasileira: “Mas faz parte, aconteceu, vida que segue, ‘vamo’ embora”.
Falando especificamente do lance, usou meias palavras para dizer que Zuniga teve maldade ao atingi-lo. “Foi um lance que eu não concordo, não aceito. Não vou falar que foi desleal que ele veio na maldade, porque eu não estou na cabeça dele para saber disso. Mas todo mundo que entende de futebol sabe que é uma entrada que não é normal você fazer”, garantiu.
“Quando você quer fazer uma falta para quebrar um contra-ataque, quando o cara está de costas, você chuta o tornozelo, segura, empurra, mas da forma que ele veio não é de situação de jogo, não tem como”, continuou.
Neymar ainda ressaltou que a falta foi feita pelas costas e, assim, ele não tinha como se desvencilhar. “Muitos de você falam que sou cai-cai, mas quando tenho a visão consigo me defender. Mas de costas não consigo me defender. A única coisa que pode me defender de costas é a regra. Quando você tem a regra você tem que ser protegido dentro de campo. Não tinha como me proteger e acabei me machucando.”