O Brasil terá por quem torcer nesta temporada. É o pivô Nenê Hilário, 19 anos, 2,05 metros, nascido em São Carlos (SP), que vai defender o Denver Nuggets. Quando entrar em quadra, o jogador sabe que estará em jogo não só seu futuro profissional como também a receptividade dos atletas brasileiros em outros clubes na liga – o último a jogar antes dele foi Rolando, em 1991. De início, o jogador terá de superar seu maior adversário, que está fora das quadras: a barreira da língua.
O Denver não foi bem na pré-temporada. Ganhou apenas um dos últimos oito jogos, mas Nenê tem impressionado bem – contra o Dallas Mavericks foi o cestinha, com 14 pontos, e o melhor reboteiro nos dois confrontos contra o Washington Wizards, o último com Michael Jordan em quadra. O problema, já detectado pela imprensa local, é o fato de que o pivô ainda apresenta uma grande diferença de desempenho quando não conta com seu agente, o canadense de origem portuguesa José dos Santos, para traduzir as instruções do técnico Jeff Bzdelik.
?O maior problema neste momento é que Nenê não fala inglês?, disse o treinador do Denver ao jornal Rocky Mountain News. Segundo o treinador, o brasileiro ainda não consegue entender as orientações na quadra, em meio ao barulho da torcida.
Segundo a imprensa de Denver, Nenê aprendeu a dirigir com Santos e é ?como Rubens Barrichello? nas pistas, mas a rapidez não é a mesma no aprendizado do inglês. O jogador depende do agente até para comer, embora já tenha aprendido a pedir seu prato preferido: frango a parmegiana. Bzdelik dá mostras que é compreensivo com seu novo atleta, mas diz que o brasileiro terá de trabalhar para se tornar independente do tradutor no menor espaço de tempo possível. Por isso, em algumas partidas da pré-temporada, dispensou Santos do banco de reservas, já prevendo que o agente não poderá estar presente em todas as partidas.
Na coletiva que Bzdelik deu na pré-temporada, Nenê recebeu elogios. ?Ele ataca nas laterais e joga com grande força?, observou o técnico, que também ressaltou seu bom rendimento nos rebotes e o fato de atrair marcação. Mas para a imprensa local, ele revelou que o jogador ainda não encontrou limite para seu jogo agressivo de forma a evitar um grande número de faltas, dificuldade que deve ser eliminada conforme ganha experiência.