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Negociações frustradas e falta de opções confiáveis mantêm Santos carente de ’10’

Pelé, Pita, Giovanni, Paulo Henrique Ganso… As escalações mais históricas do Santos sempre passaram por um camisa 10 de peso. O fim do período para clubes brasileiros contratarem jogadores que estão fora do País nesta segunda-feira sem a chegada de um reforço para a posição e o revezamento de peças na função reforçam o fracasso do clube na busca por um substituto para Lucas Lima.

Desde o início de 2018, o Santos tem se revezado em duas frentes. Dentro de campo, o técnico Jair Ventura vem buscando opções para resolver a carência do time. Fora dele, o presidente José Carlos Peres e seus assessores se mexem no mercado atrás de uma opção viável financeiramente. Em nenhuma dessas tarefas, porém, o clube vem obtendo êxito.

A primeira aposta de Jair foi em Emiliano Vecchio, titular em 13 dos 14 primeiros times em 2018. O argentino chegou a conquistar a confiança do treinador por defender como um volante, em função que inclusive já havia sido testada por Levir Culpi, mas também atacando como um meia, ainda que mais lento e organizador do que agressivo na chegada ao ataque, o que o fez ser alvo de críticas.

Só que a aposta ruiu em 15 de março, quando Vecchio foi substituído no intervalo da vitória por 3 a 1 sobre o uruguaio Nacional, pela Copa Libertadores, no Pacaembu. Desde então, o Santos fez mais quatro jogos e o argentino não foi mais usado, ainda que o time não tenha encontrado um camisa 10 confiável, com Jair revezando diferentes nomes na função e não se empolgando com nenhum.

“O Vecchio faz parte desse grupo e nada impede que ele possa voltar a atuar. Foi uma opção minha. Ele vibra no banco, quer ajudar de alguma maneira, é um cara especial”, afirmou Jair, demonstrando que o problema com Vecchio não foi comportamental, mas em relação ao futebol que vinha apresentando.

Diante disso, Jair testou Jean Mota na posição nos jogos com o Botafogo de Ribeirão Preto pelas quartas de final do Paulistão, mas a falta de gols e criação de jogadas agudas tiraram o polivalente meia, que até então vinha sendo improvisado na lateral esquerda, do time. E Diogo Vitor, testado contra o Palmeiras no primeiro jogo das semifinais do Paulistão contra o Palmeiras, também não empolgou. Além disso, o técnico vem sendo cauteloso com Vitor Bueno, que ainda não encontrou ritmo e rendimento ideais após se recuperar de uma grave lesão.

A última aposta de Jair, então, foi escalar um time com quatro atacantes de origem – Arthur Gomes, Eduardo Sasha, Rodrygo e Gabriel Barbosa. Os três primeiros tiveram a função de abastecer Gabigol no segundo clássico com o Palmeiras, vencido por 2 a 1 e no qual o treinador optou por trocar o esquema tático 4-1-4-1 pelo 4-2-3-1. “Jean, Bueno e Vecchio já atuaram na posição, mas ainda não temos alguém para segurar a 10”, disse Jair.

A alteração também foi uma resposta de Jair para a falta de opções para uma das funções mais importantes no futebol. “Vamos usar os meninos, criar alternativas e novas formações. Vou trabalhar com o que tenho e não sou de ‘mimimi'”, avisou Jair, que viu a diretoria não ter êxito nas negociações que realizou desde a posse de Peres em janeiro.

O nome dos sonhos foi o argentino Lucas Zelarayán. As negociações inicialmente foram lideradas por Gustavo de Oliveira, então diretor executivo do Santos e que reclamou da falta de um orçamento claro para fechar a contratação. “Foi uma invenção minha para suprir uma carência de mercado. Claro que é um processo difícil, especialmente sem ter noção total do orçamento que o departamento tem”, disse à ESPN Brasil, na época da sua demissão do cargo. Essa contratação foi tentada por Peres até esta última segunda-feira, mas o Tigres fez jogo duro.

O Santos também buscou nomes com menos status, como Caio Henrique, então no time B do Atlético de Madrid. Pouco aproveitado na Espanha – disputou um jogo pelo time principal, em novembro de 2016 -, retornou ao Brasil no fim de semana, com a possibilidade de reforçar o time onde deu seus passos iniciais nas divisões de base. Mas, como a diretoria o enxergava mais como uma aposta do que como uma solução para a camisa 10, recuou nas negociações diante dos valores envolvidos. E ainda viu o jogador acertar a sua ida ao Paraná Clube.

Assim, sem conseguir contratar um jogador que está no exterior, o Santos volta à estaca zero na busca no mercado por um 10, a ponto de Peres ainda lamentar a perda de Lucas Lima, que se transferiu ao Palmeiras após o término do seu contrato com o Santos no fim de 2017.

“Todos estão em busca de um camisa 10. No mercado nacional, não tem. O único que não precisa é o Palmeiras, que tem e tirou da gente de graça. Se tiver, eu busco amanhã, mas não tem”, afirmou Peres em entrevista recente.

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