O Mundial Paralímpico de Natação de 2017, que começará neste sábado, na Cidade do México, vai ser realizado inevitavelmente sob o triste signo histórico de um forte terremoto que causou centenas de mortes e enormes danos materiais à capital mexicana no último dia 19 de setembro, quando foi atingida por um tremor de magnitude 7,1 graus na escala Richter.

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A competição, primeiro grande evento da natação paralímpica no ciclo que visa principalmente os Jogos de Tóquio-2020, estava inicialmente marcada para ocorrer entre o final de setembro e o início de outubro, mas acontecerá somente agora após ter o seu cancelamento altamente cogitado, tendo em vista as consequências desta grande tragédia.

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Um dos maiores nomes da história da natação paralímpica do País, André Brasil admite que este último terremoto foi um baque para ele e para milhões de pessoas ao redor do planeta, mas agora espera ajudar a colaborar, por meio de sua participação neste Mundial, a aplacar de alguma forma o sofrimento do povo mexicano.

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“Mais do que qualquer coisa, eu, enquanto atleta, me sinto no dever de trazer um pouco de alegria por tudo aquilo que foi vivenciado. Estar indo para o México, agora, deixou de ser apenas o meu quinto Mundial. Passou a ser um chamado para (encontrar) um povo que vivenciou um momento tão difícil há pouco tempo”, afirmou o nadador, que possui 14 medalhas de Jogos Paralímpicos e 24 de Mundiais, sendo 22 delas de ouro ao total nas duas competições.

E André Brasil lembrou que a tragédia, ocorrida poucas horas antes de a delegação do Brasil tentar embarcar rumo ao Mundial, aconteceu exatamente 32 anos depois do pior terremoto da história do México. Em 19 de setembro de 1985, a Cidade do México foi devastada por um violentíssimo tremor que chegou a atingir 8,3 graus e matou cerca de 10 mil pessoas, além de ter derrubado 412 edifícios na capital nacional e danificado a estrutura de ao menos 3 mil outros prédios.

“Engraçado é que aquele (último 19 de setembro) foi um dia de comemoração por um terremoto de muitos anos atrás. Ter acontecido foi primeiro trágico. Quando a gente pensa pelo nosso lado, pelo lado de preparação, um pouco mais egoísta, a gente se sente um pouco chateado. A gente se preparou, estava voltado para aquele momento e de repente você tem uma quebra. Bom, mas como todo atleta, eu acho que a gente tem de se reinventar. A gente tem de buscar uma nova motivação, a gente sabia que, passada toda a turbulência, depois de a cidade ficar um pouco melhor estabelecida, a gente sabia que o Comitê Paralímpico Internacional daria uma solução. Eu, particularmente, estava com votos de que o Mundial fosse o ano que vem, não neste ano”, admitiu, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. “Nós, brasileiros, como a maioria do mundo, ficamos comovidos com tudo o que aconteceu”, completou.

O sentimento de André Brasil, por sua vez, é compartilhado por Edênia Garcia, outro nome de destaque da natação paralímpica brasileira, com várias medalhas em Mundiais, entre elas três de ouro nos 50 metros costas. “A questão do terremoto a gente sabe que a cidade do México ainda está sentindo. Têm pessoas que perderam casas, que perderam parentes, então acho que o esporte paralímpico, indo para o Mundial na Cidade do México, vai levar um pouco mais de alegria. A gente espera estar levando uma energia boa para o pessoal que estará lá, que estará trabalhando, que estará assistindo o Mundial. E a gente quer voltar com isso: com a certeza de que a gente levou algo de positivo para a cidade também”, ressaltou.

A nadadora cearense de 30 anos também elogiou a decisão do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) de ter mantido o Mundial da Cidade do México, pois acredita que tirá-lo de lá seria uma nova punição aos organizadores e ao público, que gostaria de acompanhar o evento de perto. “No dia (do terremoto) eu achei que poderia acontecer de o Mundial ser suspenso, de não ter mais, mas acho que a avaliação do Comitê Paralímpico Internacional foi muito acertada na questão de acontecer a competição. A competição vai trazer um brilho para a cidade”, destacou.

O nadador Gabriel Souza, estreante neste Mundial, foi outro que admitiu ter sofrido após a competição ser adiada em virtude do terremoto, mas enfatizou que a remarcação da data do evento foi irrelevante perto da magnitude da tragédia. “Fiquei muito triste naquele momento, como todos os atletas ficaram, mas lamentei muito mais pelas vítimas falecidas e pelas pessoas da Cidade do México, pois elas foram muito prejudicadas. E, se eles (organizadores) adiassem o Mundial para o ano que vem, eu iria entender plenamente”, disse.