Desde a decepção da natação brasileira feminina na Olimpíada de Londres, em 2012, quando nenhuma atleta se garantiu nas finais, a base da equipe tem sofrido uma grande transformação. Veteranas, como Joanna Maranhão, Fabíola Molina e Tatiana Lemos, encerraram as suas carreiras e cederam espaço para os novos talentos.
Com um time reformulado, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) tem investido para ajudar o grupo a evoluir e conseguir chegar mais longe que as antecessoras. As programações masculina e feminina foram separadas e o técnico Fernando Vanzella foi escolhido para orientar as meninas.
Esse trabalho tem sido importante para minimizar os prejuízos de uma renovação brusca. E as mais jovens sentem as consequências desse intervalo. “Quando acabou a geração da Flavia (Delaroli) e da Joanna (Maranhão) não teve uma atleta que já puxou a gente. Estamos tendo de crescer por nós mesmas, não tem uma que nós falamos ‘vamos nos inspirar nela'”, aponta Larissa Oliveira, ouro nos 100 metros livre nos Jogos Sul-Americanos, em Santiago.
A competição no Chile tem um papel importante para as garotas do Brasil, que não possuem a hegemonia no esporte. Assim, Larissa valoriza a oportunidade de participar de uma competição internacional e conta que sente falta de “cair na água” toda hora. E ela sabe que tem uma grande responsabilidade nas mãos até a Olimpíada do Rio.
Prontas para assumirem um lugar de destaque, as jovens querem conquistar espaço na equipe e mostrar para o mundo que também podem obter sucesso como o grupo masculino, que é composto pelos campeões olímpicos Cesar Cielo e Thiago Pereira.
“A gente quer mostrar a cara da equipe feminina do Brasil e não ficar mais à sombra da masculina. Vamos conquistando o nosso espaço e daqui a pouco a gente estará junto com eles, competindo de igual para igual. Acho que esse é nosso objetivo maior”, conta Alessandra Marchioro, de 20 anos.
A nadadora, que hoje também representa o Exército, sonha em disputar a sua primeira Olimpíada. Em 2012, não conseguiu o índice para os Jogos de Londres por apenas 16 centésimos, mas teve a oportunidade de sentir o clima da competição ao participar do projeto Vivência Olímpica, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Em um primeiro momento, achou que “seu mundo ia acabar”, mas conseguiu tirar proveito da situação e aprender com a experiência.
“Pela primeira vez era uma coisa bem palpável e acabou escorregando entre os dedos. Mas ir para a Olimpíada e estar junto com os melhores do mundo só me motivou. E a próxima sendo em casa me motiva cada vez mais. Aqui (nos Jogos Sul-Americanos) todo mundo está gritando para o Chile, mas lá (no Rio, em 2016) vai ser todo mundo gritando pela gente. Então, quero muito sentir isso”, comenta.
Inspirada em Cielo, Alessandra busca brilhar mundialmente na prova dos 50 metros livre, na qual foi medalha de prata na competição em Santiago, e também torce para que no futuro a realidade das representantes do Brasil seja diferente. “Cansamos de ouvir que a natação feminina deixa a desejar, estamos tentando mudar. Vamos ver o que a gente consegue no decorrer desses anos.”