Ser um atleta profissional era um sonho quase impossível quando Gustavo Henrique da Silva Sousa ajudava o tio a pintar paredes em Registro, no interior de São Paulo. Ele se contentava com a várzea. Era pintor aprendiz. A sorte virou em uma peneira no Taboão da Serra para a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2014, ano do Mundial no Brasil.

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Sem passar por categorias de base, ele foi artilheiro e revelação do torneio. Rodou por vários clubes depois. Nesta quarta-feira é a esperança do Corinthians sair vivo na Copa Sul-Americana diante do Racing, na Argentina. Ele quer ser mais que um artilheiro. “Quero ser um jogador completo”, disse ao Estado.

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Após dificuldades na primeira passagem, esperava essa volta por cima no clube?

Na primeira passagem ficou uma imagem que não foi boa. Gostaria que esse meu retorno fosse da maneira que está sendo, me esforço constantemente para ajudar a equipe.

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O que deu errado na primeira vez? O que faria diferente?

A primeira passagem foi um pouco ofuscada até pelo momento em que clube vivia naquela temporada. Era tudo novo. Vestir a camisa do Corinthians era de uma responsabilidade imensa. Tentei dar o melhor, mas as coisas não aconteciam. Agora voltei maduro.

O que aprendeu com Rogério Ceni? E aprende com Fábio Carille?

São dois profissionais que admiro. Rogério me ajudou dentro e fora de campo no Fortaleza. Assim está sendo com o Fábio, que tem muita semelhança com o Rogério, ambos têm conhecimento sobre futebol que me impressiona.

Qual é o seu segredo para fazer tantos gols de cabeça?

Trabalho e trabalho. Desde quando iniciei minha carreira, procurava aperfeiçoar o cabeceio. Minha altura possibilita isso (1,89 metro). Hoje, mais maduro, continuo trabalhando essa técnica e, graças a Deus, os gols estão surgindo.

Na partida diante do Avenida, você pediu para cobrar uma falta. Treina isso também?

Quando defendi o Fortaleza, me preocupei em fazer outras funções, com o apoio do Rogério. Na época, fiz um gol contra o Guarani. Hoje, nos treinos, procuro fazer de tudo um pouco. Esse trabalho (bater falta) terá continuação.

O que mais quer aperfeiçoar?

Estou trabalhando muito com a bola nos pés. Estou sendo feliz nas assistências, inclusive tive a felicidade em servir o Júnior Urso. Um jogador profissional, para atingir seu alto nível, tem de ser completo. Por isso procuro me dedicar em todos os fundamentos.

Você sente falta de não ter passado pelas categorias de base?

Não tive essa oportunidade que hoje os garotos têm nos clubes. Vim do futebol de várzea, mas lá deu para aprender muita coisa também. Meus técnicos, mesmo sem a estrutura dos clubes, sabiam trabalhar.

Por que não jogou na base?

Tinha de trabalhar. Antes de me tornar jogador, fui auxiliar de pintor de paredes do meu tio Sidney. Com esse trabalho, ajudava a minha mãe em casa.

O pessoal do Taboão da Serra, seu primeiro clube, diz que até hoje você passa por lá…

Tenho um carinho grande por eles. Tenho contato com o presidente e funcionários. Sou grato ao Taboão por ter aberto as portas para mim.

Como fazer essa fase durar?

Continuar trabalhando. Desde que soube que retornaria ao Corinthians, fiz um propósito a mim mesmo que eu poderia mostrar meu futebol.

Qual é o seu maior sonho?

Meu sonho vira realidade a cada dia: jogar futebol. Tenho lutado para que esse sonho permaneça vivo por muito tempo.

Como você se imagina dentro de cinco anos?

Procuro sempre focar no momento. Quero ajudar o Corinthians a conquistar títulos. Dentro de cinco anos, espero evoluir mais, tanto como profissional quanto como pessoa.